sábado, 5 de outubro de 2013

Ana Carolina & Seu Jorge - É isso Aí

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

MOBILIZAÇÕES INDIGENAS ESCANCARAM PROBLEMAS AMBIENTAIS E SOCIAIS NO BRASIL

por Fernanda B. Müller, do CarbonoBrasil

Fotos: Fernanda B. Müller

Em todo o país, indígenas das mais diversas etnias estão mobilizados em defesa dos seus direitos estabelecidos na Constituição Federal; em Santa Catarina, Guaranis pedem homologação de suas terras.

Nos últimos dois anos, o país pôde presenciar a ira de ambientalistas ao verem a legislação florestal brasileira sendo transformada em um conjunto de regras em benefício do setor do agronegócio e outros grandes empreendimentos. Agora, a mesma lógica está sendo aplicada aos povos indígenas que assistem indignados aos ataques sobre seus direitos.

A origem de ambos os conflitos é a mesma, a falsa alegação de que o agronegócio é responsável pela alimentação do povo brasileiro e que sofre com as restrições sobre a sua expansão devido à contestação de terras por indígenas e para a manutenção dos ecossistemas.

Esse argumento é facilmente desconstruído por números que atestam: a agricultura familiar é responsável por 77% dos postos de trabalho e por 70% da produção de alimentos no Brasil, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Segundo dados do Sistema de Monitoramento do Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON) de agosto, a grande maioria do desmatamento registrado na Amazônia ocorreu em áreas privadas (58%). O fatia do desmatamento registrado em Terras Indígenas é muito pequena (1%).


Mesmo assim, tanto a presidência da república quanto o congresso apoiam a continuidade de um modelo de desenvolvimento que tem acirrado os conflitos pela terra. Outros setores, como a bancada evangélica no Congresso Nacional, também atuam juntos aos ruralistas no desmonte às leis socioambientais.



Nesse cenário, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) convocou durante toda esta semana a ‘Mobilização Nacional Indígena’, em defesa da Constituição Federal e dos direitos garantidos nela. A mobilização vai até o dia cinco de outubro, quando a Constituição completa 25 anos.

Nesta quarta-feira, a Esplanada dos Ministérios em Brasília foi ocupada por quase 1.500 indígenas, de mais de cem etnias. Ao tentarem entrar no Congresso, os indígenas foram recebidos pela polícia com spray de pimenta. Um indígena Tupiniquim foi ferido no braço com um corte bastante profundo. O clima ficou bastante tenso, informou o Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

O carro do porta-voz do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) – presidente da Comissão Mista (Câmara e Senado) do PLP 227 –, ficou parado no meio da manifestação, e indígenas envolveram o automóvel com papel higiênico, além de pendurarem notas e moedas no para-brisa.

Na manhã de quinta-feira, indígenas encenaram o enterro de ruralistas em frente ao Palácio do Planalto. Eles declaravam que o ritual é “para matar”.


Após o ato, Sônia Guajajara, liderança da APIB declarou que as manifestações apenas serão encerrradas quando houver o arquivamento de todas as medidas anti-indigenas propostas.


Ela também falou da violência com que as manifestações vêm sendo combatidas:


“Somos contra essa cultura de violência, desrespeito e truculência da polícia…quem precisa de segurança somos nós. Quem está declarando guerra são eles, não nós”.


Revolta

As manifestações cada vez mais frequentes dos indígenas, além da total estagnação da demarcação de terras indígenas no governo Dilma, tratam de uma sucessão de projetos de leis (no âmbito do legislativo federal) e de medidas governamentais (no executivo) que afrontam diretamente os direitos garantidos pela Constituição de 1988.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/00 visa submeter ao congresso as demarcações de terras indígenas e a criação de Unidades de Conservação. Os índios exigem a manutenção do modelo atual, em que as demarcações são homologadas pelo governo federal. Diante dos protestos, a instalação da comissão especial criada para analisar a proposta acabou sendo suspensa pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, na terça-feira (1º).

O presidente em exercício da Câmara, André Vargas, declarou que vai trabalhar pelo arquivamento da proposta. “Todos aqui somos aliados e vamos tentar impedir que ela chegue ao Plenário”, disse Vargas.

Sônia Guajajara, da APIB alerta que o PLP 227 é “ainda mais grave do que a PEC 215″. A medida pretende criar lei complementar ao artigo 231 apontando as exceções ao direito de uso exclusivo dos indígenas das terras tradicionais, em caso de relevante interesse público da União. Um parecer jurídico do (Cimi) afirma que o PLP 227 é inconstitucional.

A PEC 38/99, tramitando no Senado, altera os artigos 52, 225 e 231 da Constituição para prever a Competência privativa do Senado Federal para aprovar processo sobre demarcação de terras indígenas.

O Projeto de Lei Complementar (PLP) 227 trata da regulamentação ao artigo 6º da Constituição Federal, voltado às exceções ao direito de uso exclusivo dos indígenas às suas terras.

Todos esses tem como alvo os direitos sociais e a terra dos povos indígenas e estão diretamente ligados ao avanço do agronegócio, empreiteiras, mineradoras, indústria do turismo e capital imobiliário.

Além disso, no âmbito executivo, a Portaria 303 da Advocacia Geral da União (AGU) pretende estender condicionantes decididas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Judicial contra a Terra Indígena Raposa Serra do Sol para as demais terras indígenas.

A portaria determina, entre outras medidas, que as terras indígenas podem ser ocupadas por unidades, postos e demais intervenções militares, malhas viárias, empreendimentos hidrelétricos e minerais de cunho estratégico, sem consulta aos povos.


A consulta aos povos indígenas faz parte da Conveção 169 da Organização Internacional do Trabalho, que o Brasil subscreveu, porém vem desrespeitando, como no caso de Belo Monte.

As PECs, PLs e demais instrumentos focam não somente nos povos indígenas, mas ameaçam também populações tradicionais em geral, povos quilombolas e as unidades de conservação.

A ação, disse a presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) em entrevista à BBC Brasil, pode retardar ou até impedir novas demarcações. “Este é, de fato, o momento mais delicado desde a promulgação da Carta”, afirma Assirati, que assumiu a chefia do órgão oficial indigenista em junho.

Durante uma reunião com o presidente em exercício da Câmara, Andre Vargas, e diversos deputados, o cacique Raoni, que ganhou notoriedade na década de 1980 por sua luta pela preservação da Amazônia, defendeu que a Funai não se omita e continue responsável pelas demarcações de terras.

Após algumas reuniões fechadas durante a semana, com a presença de apenas algumas lideranças indígenas, nesta quinta-feira, às 11 horas, um grupo de deputados irá ao encontro dos índios que estão acampados no gramado em frente ao Congresso Nacional.

Demarcação da Terra Indígena Itaty

Em Santa Catarina, a equipe CarbonoBrasil acompanhou a manifestação dos indígenas da Aldeia Itaty, no Morro dos Cavalos, região da Grande Florianópolis. Com a participação de vários parentes Guarani vindos de vários municípios catarinenses, os indígenas fecharam a BR 101 por mais de uma hora nesta quarta-feira.

Seguindo o mote nacional, eles reivindicam a extinção das iniciativas no legislativo e executivo nacional que ferem seus direitos e também pedem à presidente Dilma que assine a homologação das terras – última etapa do processo.


A Terra Indígena Morro dos Cavalos fica localizada no município de Palhoça, litoral de Santa Catarina, ou seja, uma área de intensos conflitos e interesses imobiliários. Com a oficialização da área, será concretizada a desintrusão, ou a retirada dos não indígenas dos 1.988 hectares de posse dos índios Guarani Mbyá e Nhandevá.

Após uma reza e um ritual de abertura da mobilização no Morro dos Cavalos, a cacique Eunice Antunes enfatizou o direito originário dos indígenas. (Veja a entrevista que Eunice concedeu à Rádio Campeche) .

“Antes de 1500 todo este território era nosso, e fomos perdendo espaço em nome do capitalismo. Cada vez mais foram entrando em nossas terras e hoje estamos lutando por um pedacinho delas”, lamentou a cacique.

“Hoje qualquer coisa que acontece é o culpa do índio que está atrapalhando o progresso do Brasil, sendo que na verdade é uma luta pela sobrevivência. Não estamos lutando para guardar dinheiro, enriquecer, mas sim em nome de um povo”, completou.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Advogada dá voz de prisão à PM por abuso de autoridade

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Quinto relatório do IPCC mostra intensificação das mudanças climáticas

27/9/2013 - 02h23


por Karina Toledo, para a Agência Fapesp
IPCCFapesp Quinto relatório do IPCC mostra intensificação das mudanças climáticas
Documento divulgado nesta sexta (27/09) afirma que a temperatura do planeta pode subir quase 5 °C durante este século, o que poderá elevar o nível dos oceanos em até 82 centímetros. Foto do Oceano Ártico: Nasa
Agência Fapesp – Caso as emissões de gases do efeito estufa continuem crescendo às atuais taxas ao longo dos próximos anos, a temperatura do planeta poderá aumentar até 4,8 graus Celsius neste século – o que poderá resultar em uma elevação de até 82 centímetros no nível do mar e causar danos importantes na maior parte das regiões costeiras do globo.
O alerta foi feito pelos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU), que divulgaram no dia 27 de setembro, em Estocolmo, na Suécia, a primeira parte de seu quinto relatório de avaliação (AR5). Com base na revisão de milhares de pesquisas realizadas nos últimos cinco anos, o documento apresenta as bases científicas da mudança climática global.
De acordo com Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e um dos seis brasileiros que participaram da elaboração desse relatório, foram simulados quatro diferentes cenários de concentrações de gases de efeito estufa, possíveis de acontecer até o ano de 2100 – os chamados “Representative Concentration Pathways (RCPs)”.
“Para fazer a previsão do aumento da temperatura são necessários dois ingredientes básicos: um modelo climático e um cenário de emissões. No quarto relatório (divulgado em 2007) também foram simulados quatro cenários, mas se levou em conta apenas a quantidade de gases de efeito estufa emitida. Neste quinto relatório, nós usamos um sistema mais completo, que leva em conta os impactos dessas emissões, ou seja, o quanto haverá de alteração no balanço de radiação do sistema terrestre”, explicou Artaxo, que está em Londres para a Fapesp Week London, onde participou de um painel sobre mudança climática.
O balanço de radiação corresponde à razão entre a quantidade de energia solar que entra e que sai de nosso planeta, indicando o quanto ficou armazenada no sistema terrestre de acordo com as concentrações de gases de efeito estufa, partículas de aerossóis emitidas e outros agentes climáticos.
O cenário mais otimista prevê que o sistema terrestre armazenará 2,6 watts por metro quadrado (W/m2) adicionais. Nesse caso, o aumento da temperatura terrestre poderia variar entre 0,3 °C e 1,7 °C de 2010 até 2100 e o nível do mar poderia subir entre 26 e 55 centímetros ao longo deste século.
“Para que esse cenário acontecesse, seria preciso estabilizar as concentrações de gases do efeito estufa nos próximos 10 anos e atuar para sua remoção da atmosfera. Ainda assim, os modelos indicam um aumento adicional de quase 2 °C na temperatura – além do 0,9 °C que nosso planeta já aqueceu desde o ano 1750”, avaliou Artaxo.
O segundo cenário (RCP4.5) prevê um armazenamento de 4,5 W/m2. Nesse caso, o aumento da temperatura terrestre seria entre 1,1 °C e 2,6 °C e o nível do mar subiria entre 32 e 63 centímetros. No terceiro cenário, de 6,0 W/m2, o aumento da temperatura varia de 1,4 °C até 3,1 °C e o nível do mar subiria entre 33 e 63 centímetros.
Já o pior cenário, no qual as emissões continuam a crescer em ritmo acelerado, prevê um armazenamento adicional de 8,5 W/m2. Em tal situação, segundo o IPCC, a superfície da Terra poderia aquecer entre 2,6 °C e 4,8 °C ao longo deste século, fazendo com que o nível dos oceanos aumente entre 45 e 82 centímetros.
“O nível dos oceanos já subiu em média 20 centímetros entre 1900 e 2012. Se subir outros 60 centímetros, com as marés, o resultado será uma forte erosão nas áreas costeiras de todo o mundo. Rios como o Amazonas, por exemplo, sofrerão forte refluxo de água salgada, o que afeta todo o ecossistema local”, disse Artaxo.
Segundo o relatório AR5 do IPCC, em todos os cenários, é muito provável (90% de probabilidade) que a taxa de elevação dos oceanos durante o século 21 exceda a observada entre 1971 e 2010. A expansão térmica resultante do aumento da temperatura e o derretimento das geleiras seriam as principais causas.
O aquecimento dos oceanos, diz o relatório, continuará ocorrendo durante séculos, mesmo se as emissões de gases-estufa diminuírem ou permanecerem constantes. A região do Ártico é a que vai aquecer mais fortemente, de acordo com o IPCC.
Segundo Artaxo, o aquecimento das águas marinhas tem ainda outras consequências relevantes, que não eram propriamente consideradas nos modelos climáticos anteriores. Conforme o oceano esquenta, ele perde a capacidade de absorver dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. Se a emissão atual for mantida, portanto, poderá haver uma aceleração nas concentrações desse gás na atmosfera.
“No relatório anterior, os capítulos dedicados ao papel dos oceanos nas mudanças climáticas careciam de dados experimentais. Mas nos últimos anos houve um enorme avanço na ciência do clima. Neste quinto relatório, por causa de medições feitas por satélites e de observações feitas com redes de boias – como as do Projeto Pirata que a FAPESP financia no Atlântico Sul –, a confiança sobre o impacto dos oceanos no clima melhorou muito”, afirmou Artaxo.
Acidificação dos oceanos
Em todos os cenários previstos no quinto relatório do IPCC, as concentrações de CO2 serão maiores em 2100 em comparação aos níveis atuais, como resultado do aumento cumulativo das emissões ocorrido durante os séculos 20 e 21. Parte do CO2 emitido pela atividade humana continuará a ser absorvida pelos oceanos e, portanto, é “virtualmente certo” (99% de probabilidade) que a acidificação dos mares vai aumentar. No melhor dos cenários – o RCP2,6 –, a queda no pH será entre 0,06 e 0,07. Na pior das hipóteses – o RCP8,5 –, entre 0,30 e 0,32.
“A água do mar é alcalina, com pH em torno de 8,12. Mas quando absorve CO2 ocorre a formação de compostos ácidos. Esses ácidos dissolvem a carcaça de parte dos microrganismos marinhos, que é feita geralmente de carbonato de cálcio. A maioria da biota marinha sofrerá alterações profundas, o que afeta também toda a cadeia alimentar”, afirmou Artaxo.
Ao analisar as mudanças já ocorridas até o momento, os cientistas do IPCC afirmam que as três últimas décadas foram as mais quentes em comparação com todas as anteriores desde 1850. A primeira década do século 21 foi a mais quente de todas. O período entre 1983 e 2012 foi “muito provavelmente” (90% de probabilidade) o mais quente dos últimos 800 anos. Há ainda cerca de 60% de probabilidade de que tenha sido o mais quente dos últimos 1.400 anos.
No entanto, o IPCC reconhece ter havido uma queda na taxa de aquecimento do planeta nos últimos 15 anos – passando de 0,12 °C por década (quando considerado o período entre 1951 e 2012) para 0,05°C (quando considerado apenas o período entre 1998 e 2012).
De acordo com Artaxo, o fenômeno se deve a dois fatores principais: a maior absorção de calor em águas profundas (mais de 700 metros) e a maior frequência de fenômenos La Niña, que alteram a taxa de transferência de calor da atmosfera aos oceanos. “O processo é bem claro e documentado em revistas científicas de prestígio. Ainda assim, o planeta continua aquecendo de forma significativa”, disse.
Há 90% de certeza de que o número de dias e noites frios diminuíram, enquanto os dias e noites quentes aumentaram na escala global. E cerca de 60% de certeza de que as ondas de calor também aumentaram. O relatório diz haver fortes evidências de degelo, principalmente na região do Ártico. Há 90% de certeza de que a taxa de redução da camada de gelo tenha sido entre 3,5% e 4,1% por década entre 1979 e 2012.
As concentrações de CO2 na atmosfera já aumentaram mais de 20% desde 1958, quando medições sistemáticas começaram a ser feitas, e cerca de 40% desde 1750. De acordo com o IPCC, o aumento é resultado da atividade humana, principalmente da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento, havendo uma pequena participação da indústria cimenteira.
Para os cientistas há uma “confiança muito alta” (nove chances em dez) de que as taxas médias de CO2, metano e óxido nitroso do último século sejam as mais altas dos últimos 22 mil anos. Já mudanças na irradiação solar e a atividade vulcânica contribuíram com uma pequena fração da alteração climática. É “extremamente provável” (95% de certeza) de que a influência humana sobre o clima causou mais da metade do aumento da temperatura observado entre 1951 e 2010.
“Os efeitos da mudança climática já estão sendo sentidos, não é algo para o futuro. O aumento de ondas de calor, da frequência de furacões, das inundações e tempestades severas, das variações bruscas entre dias quentes e frios provavelmente está relacionado ao fato de que o sistema climático está sendo alterado”, disse Artaxo.
Impacto persistente
Na avaliação do IPCC, muitos aspectos da mudança climática vão persistir durante muitos séculos mesmo se as emissões de gases-estufa cessarem. É “muito provável” (90% de certeza) que mais de 20% do CO2 emitido permanecerá na atmosfera por mais de mil anos após as emissões cessarem, afirma o relatório.
“O que estamos alterando não é o clima da próxima década ou até o fim deste século. Existem várias publicações com simulações que mostram concentrações altas de CO2 até o ano 3000, pois os processos de remoção do CO2 atmosférico são muito lentos”, contou Artaxo.
Para o professor da USP, os impactos são significativos e fortes, mas não são catastróficos. “É certo que muitas regiões costeiras vão sofrer forte erosão e milhões de pessoas terão de ser removidas de onde vivem hoje. Mas claro que não é o fim do mundo. A questão é: como vamos nos adaptar, quem vai controlar a governabilidade desse sistema global e de onde sairão recursos para que países em desenvolvimento possam construir barreiras de contenção contra as águas do mar, como as que já estão sendo ampliadas na Holanda. Quanto mais cedo isso for planejado, menores serão os impactos socioeconômicos”, avaliou.
Os impactos e as formas de adaptação à nova realidade climática serão o tema da segunda parte do quinto relatório do IPCC, previsto para ser divulgado em janeiro de 2014. O documento contou com a colaboração de sete cientistas brasileiros. Outros 13 brasileiros participaram da elaboração da terceira parte do AR5, que discute formas de mitigar a mudança climática e deve sair em março.
De maneira geral, cresceu o número de cientistas vindos de países em desenvolvimento, particularmente do Brasil, dentro do IPCC. “O Brasil é um dos países líderes em pesquisas sobre mudança climática atualmente. Além disso, o IPCC percebeu que, se o foco ficasse apenas nos países desenvolvidos, informações importantes sobre o que está acontecendo nos trópicos poderiam deixar de ser incluídas. E é onde fica a Amazônia, um ecossistema-chave para o planeta”, disse Artaxo.
No dia 9 de setembro, o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) divulgou o sumário executivo de seu primeiro Relatório de Avaliação Nacional (RAN1). O documento, feito nos mesmos moldes do relatório do IPCC, indica que no Brasil o aumento de temperatura até 2100 será entre 1 ° e 6 °C, em comparação à registrada no fim do século 20. Como consequência, deverá diminuir significativamente a ocorrência de chuvas em grande parte das regiões central, Norte e Nordeste do país. Nas regiões Sul e Sudeste, por outro lado, haverá um aumento do número de precipitações.
“A humanidade nunca enfrentou um problema cuja relevância chegasse perto das mudanças climáticas, que vai afetar absolutamente todos os seres vivos do planeta. Não temos um sistema de governança global para implementar medidas de redução de emissões e verificação. Por isso, vai demorar ainda pelo menos algumas décadas para que o problema comece a ser resolvido”, opinou Artaxo.
Para o pesquisador, a medida mais urgente é a redução das emissões de gases de efeito estufa – compromisso que tem de ser assumido por todas as nações. “A consciência de que todos habitamos o mesmo barco é muito forte hoje, mas ainda não há mecanismos de governabilidade global para fazer esse barco andar na direção certa. Isso terá que ser construído pela nossa geração”, concluiu.
* Publicado originalmente no site Agência Fapesp.
(Agência Fapesp) 

IPCC alerta que é clara a influência humana no clima e pede ações

27/9/2013 - 11h38


por Fabiano Ávila, do CarbonoBrasil
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Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas aponta que é extremamente provável, 95%, que as emissões antropogênicas sejam o principal fator responsável pelo aquecimento global.
Depois de quatro anos de elaboração,com o trabalho direto de 259 autores de 39 países, que contaram com a ajuda de mais de 50 mil comentários para avaliar 9200 estudos sobre as mudanças climáticas, foi apresentado nesta sexta-feira (27) o “Sumário para os Formuladores de Políticas” do Grupo de Trabalho I (GT I – saiba mais) do Painel intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
A primeira informação que esse documento destaca é que entre os membros do IPCC – milhares de cientistas de mais de uma centena de países e diversas disciplinas diferentes – existe a confiança de 95% de que as emissões de gases do efeito estufa (GEEs) resultantes das atividades humanas foram responsáveis por mais de metade da elevação média da temperatura registrada entre 1951 e 2010 (mapa ao lado).
“As emissões continuadas de gases do efeito estufa causarão ainda mais aquecimento e transformações em todos oscomponentes do sistema climático. Limitar as mudanças climáticas exigirá uma redução substancial e sustentada dessas emissões”, afirmou Thomas Stocker, co-presidente do GT I.
“A temperatura da superfície global para o fim do século XXI é projetada para provavelmente ultrapassar os 1,5⁰C de aquecimento em relação ao período entre 1850 a 1900 em todos os cenários, menos o mais conservador, e ficar acima de 2⁰C nos dois piores cenários”, completou.
O sumário afirma que essa elevação na temperatura, causada pela maior concentração de GEEs na atmosfera em 800 mil anos, resultará em uma série de transformações em nosso planeta e na forma como acontecem os fenômenos climáticos (veja tabela no fim do texto).
oceanonivel IPCC alerta que é clara a influência humana no clima e pede açõesOceanos e degelo
É considerado altamente provável que até o fim do século o nível dos oceanos suba entre 26 cm a 82 cm, causando impactos para cerca de 70% das regiões costeiras do planeta . A elevação entre 1900 e 2012 foi de 19 cm.
“Com os oceanos se aquecendo, as geleiras e mantos de gelo reduzirão, significando que o nível global do mar continuará a subir, mas a uma taxa mais veloz do que a que vimos nos últimos 40 anos”, afirmou Qin Dahe, co-presidente do GT I.
A crescente acidificação também é um problema que tende a se agravar, sendo que, desde o início da Era Industrial, o pH da superfície dos oceanos subiu 0,1, com um aumento de 26% na concentração de íons de hidrogênio.
A acidificação é a principal responsável pelo processo de “branqueamento” dos recifes de coral. Sem os corais, todo o ecossistema marinho está em perigo.
Segundo o IPCC, nas últimas duas décadas, a Groelândia e a Antártica perderam massa de gelo, e praticamente todas as geleiras do planeta passaram pelo mesmo processo.
A taxa de derretimento nas geleiras teria sido entre 91 a 361 gigatoneladas ao ano no período entre 1971 a 2009.
Na Groenlândia, é muito provável que a perda de gelo tenha acelerado recentemente, passando de 34 gigatoneladas ao ano entre 1992 a 2001, para 215 gigatoneladas anuais entre 2002 e 2011.
Credibilidade
“Observações das mudanças no sistema climático são baseadas em linhas múltiplas de evidências. Nossa avaliação da ciência descobriu que a atmosfera e os oceanos estão mais quentes, que a quantidade de neve e gelo diminuiu, que o nível dos oceanos subiu e que a concentração dos gases do efeito estufa cresceu”, afirmou Dahe.
Durante a reunião desta semana em Estocolmo, na Suécia, onde representantes de mais de uma centena de países participaram da discussão final para a elaboração deste sumário, muito foi falado da desaceleração do aquecimento global nos últimos 15 anos.
O texto final concorda que há um “hiato” na elevação das temperaturas, mas que de nenhuma forma isso compromete a tendência de “robusto aquecimento multi-decadal” já verificado e que deve prosseguir no futuro.
“A temperatura da superfície da Terra em cada uma das últimas três décadas foi sucessivamente mais quente do que qualquer década anterior desde 1850 no hemisfério Norte”, afirma o sumário.
Variabilidade naturais podem ser a resposta para a desacelaração temporária, entre elas a La Niña.
Necessidade de Agir
O IPCC espera que, com essas novas informações, as Conferências das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COPs) e outros fóruns de negociações possam avançar mais rapidamente em direção a um acordo climático ambicioso.
“Este Sumário para os Formuladores de Políticas fornece um panorama importante da base científica das mudanças climáticas. É uma fundação sólida para considerações dos impactos das mudanças climáticas nos sistemas humanos e naturais e sobre as maneiras para lidarmos com esse desafio”, declarou Rajendra Pachauri, presidente do IPCC.
Para o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, o sumário é um alarme para os governos, que não têm se mostrado suficientemente preocupados com as mudanças climáticas. “As informações estão aí. Agora precisamos agir.”
Christiana Figueres, presidente da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), reforçou a mensagem. “Para retirarmos a humanidade da zona de perigo, os governos precisam adotar ações imediatas e estabelecer um acordo climático em 2015 que ajude a acelerar a resposta global às mudanças climáticas.”
O documento também destaca, infelizmente, que precisamos nos preparar para medidas de adaptação, já que muitas das transformações do clima já são inevitáveis.
“Como um resultado de nosso passado, presente e futuro esperado de emissões de CO2, estamos destinados a enfrentar as mudanças climáticas e seus efeitos por muitos séculos, mesmo se as emissões pararem”, alertou Stocker.
O “Sumário para os Formuladores de Políticas” é um resumo do relatório “Mudanças Climáticas 2013 – As bases físicas científicas”, que será divulgado em fevereiro de 2014.
O grande documento síntese de todos os relatórios dos Grupos de Trabalho do IPCC será a Quinta Avaliação (IPCC Fifth Assessment Report – AR5), que deve ser apresentada durante a COP 20, no final do ano que vem em Lima, no Peru.
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* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil) 

‘IPCC alerta que o mundo precisa agir’

7/9/2013 - 12h06


por André Ferretti*
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Foto: http://ambientalsustentavel.org/
Nesta semana, representantes de governo de 195 países estiveram reunidos em Estocolmo, na Suécia, para aprovar o texto final do primeiro volume do QuintoRelatório de Avaliação sobre o Meio Ambiente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). O relatório vem sendo elaborado há quatro anos por centenas de cientistas renomados, do mundo todo, e seus outros três volumes deverão ser publicados até meados de 2014.
O IPCC analisa as pesquisas publicadas nos principais periódicos do mundo, com o objetivo de prover informações aos líderes mundiais sobre os efeitos e possíveissoluções para as mudanças climáticas. Desde a publicação de seu primeiro relatório, em 1990, o IPCC tem exercido grande influência nos debates e avanços das Nações Unidas, como na criação na criação da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (1992) e do Protocolo de Quioto (1997).
E seu quarto relatório levou à conquista do prêmio Nobel da Paz para o IPCC em 2007. Mas ainda assim não foi suficiente para gerar ações dos governos na urgência e intensidade recomendada pela ciência a fim de reduzir os grandes impactos econômicos, sociais e ambientais previstos em decorrência das mudanças climáticas. O novo acordo global, tão esperado na COP15 (Conferência do Clima da ONU), realizada em 2009 em Copenhagen, na Dinamarca, não saiu até hoje. Agora o novo prazo para um acordo global é 2015. Restam-nos, portanto, pouco mais de dois anos para que todos os países que fazem parte da Convenção de Clima das Nações Unidas cheguem a um único consenso – vamos ouvir a ciência e agir.
A grande mensagem do quinto relatório do IPCC é que a situação é cada vez mais crítica, e que, se nada ou muito pouco for feito, entraremos em uma trajetória muito perigosa. A janela de oportunidade para evitarmos o colapso do sistema climático é estreita. As emissões globais têm que atingir seu pico nos próximos anos e começar a serem reduzidas de forma acelerada para evitarmos que o aquecimento ultrapasse os 2°C de aumento médio da temperatura média do planeta, limite que os cientistas consideram como administrável. Mesmo no melhor cenário de redução de emissões, teremos que ter estratégias para lidar com as consequências do aquecimento que já ocorre hoje e que irá aumentar nas próximas décadas, afetando a vida de milhões de pessoas.
O novo relatório aponta um aumento no grau de certeza da influência humana no aquecimento global, agora de 95%. As cidades e o processo de urbanização vêm ganhando cada vez mais espaço nas discussões, visto que até 2030 dois terços da população global viverá em centros urbanos — marca que já foi ultrapassada em nosso País–, que 75% de toda energia é consumida nas cidades e que nessas áreas os efeitos das mudanças serão mais sentidos, principalmente pela grande concentração de pessoas e todos os problemas ambientais característicos das regiões metropolitanas.
Esses resultados estão muito alinhados com o primeiro relatório de avaliação nacional do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. Apresentado há pouco mais de duas semanas, o primeiro relatório nacional contou com a contribuição de mais de 300 cientistas e alerta a sociedade brasileira para os grandes impactos socioeconômicos e ambientais que nosso país sofrerá até o final do século, se mantida a tendência atual de emissão de gases de efeito estufa.
Não há opção outra que não a ação incisiva, pois o custo para a sociedade global da inação é impagável. Centenas de milhares de pessoas morrem e são drasticamente afetadas por eventos climáticos extremos a cada ano, e isso tende a piorar, com eventos extremos mais fortes e mais frequentes.
O Brasil conseguiu um feito inédito, que foi o de diminuir concretamente suas emissões com a queda no desmatamento. Porém, o País está pondo em risco esse único e importante trunfo, ao afrouxar as regras de controle do desmatamento, por meio da revogação do Código Florestal, do projeto substitutivo que visa alterar a Lei nº 9.985/2000 (do SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação), da tentativa de paralisar a criação de unidades de conservação (PEC 215), e da tentativa de abrir terras indígenas à exploração industrial (PLP 227). Além de tudo isso, o País não avançou em outras áreas de mitigação das emissões em adaptação às mudanças climáticasjá em curso.
De 11 a 22 de novembro, será realizada a COP19 – 19ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – em Varsóvia (Polônia). Os países membros estão recebendo da ciência um grande alerta para a urgência do avanço nas negociações para o novo acordo global de clima, a ser aprovado até a COP21, em 2015, em Paris (França). O Observatório do Clima, rede brasileira de ONGs e movimentos sociais sobre mudanças climáticas, criada em 2002, espera que o governo brasileiro adote uma postura mais proativa e mantenha o papel de protagonismo que vem marcando sua atuação desde a criação da Convenção do Clima, no Rio de Janeiro em 1992.
A realidade climática no Brasil é de seca extrema no Nordeste, a pior em décadas, mais uma enchente no vale do Itajaí, um tornado no sul de São Paulo, entre outros eventos extremos. O Brasil precisa reagir para tornar mudanças climáticas tema prioritário para os grandes planos de desenvolvimento do País, em todos os níveis de governo. Hoje temos trilhões de recursos a serem investidos em infraestrutura, planos de expansão da geração de energia principalmente de fontes fósseis (cerca de 70% dos investimentos do País), planos safra anuais e incentivos à indústria, sem nenhuma conexão com a lógica do desenvolvimento de baixo carbono. Temos um conjunto de políticas de clima desconexas, sem coordenação e que sequer tem seus potenciais impactos positivos monitorados; e o Fundo Clima está completamente ameaçado e com recursos contingenciados – fundo esse criado pelo governo brasileiro em dezembro de 2009, que tem por finalidade financiar projetos, estudos e empreendimentos que visem à mitigação (ou seja, à redução dos impactos) da mudança do clima e à adaptação a seus efeitos.
André Ferretti é coordenador Geral do Observatório do Clima, rede brasileira de articulação sobre as mudanças climáticas, e coordenador de Estratégias de Conservação da Fundação Grupo Boticário.
(Observatório do Clima) 

domingo, 29 de setembro de 2013

Nádegas Grandes

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Segundo uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Oxford,
 ter as nádegas de um tamanho considerável previne o desenvolvimento de diabetes. Por sua vez, determinaram que as mulheres que possuem um traseiro grande e cintura fina, são mais inteligentes que o restante.
O corpo feminino acumula gordura em muitas partes, como os seios, o abdômen ou as pernas, mas muitas garotas guardam grandes reservas nos glúteos, algo que tem mais vantagens do que poderiam imaginar.
Os cientistas analisaram e compararam a gordura do abdômen feminino com as das pernas, cadeiras e nádegas, encontrando que a gordura proveniente da parte baixa do corpo das mulheres previne o desenvolvimento de diabetes, graças à quantidade e tipo de hormônios que contém. Estas gorduras produzem hormônios que ajudam a metabolizar açúcares e outros lipídeos de forma mais fácil, ao contrário da gordura abdominal que segrega hormônios com o efeito contrário.
De qualquer forma, não se trata de que as mulheres devam comer a mais. O benefício do traseiro avantajado é determinado pela genética, portanto ainda não é possível alterar o bumbum por meio de hábitos alimentícios.
Outras descobertas similares, que fazem pensar que as mulheres com traseiros grandes são capazes de viver mais e melhor, são os realizadas pelas universidades de Califórnia e Pittsburgh. Pesquisadores destas instituições descobriram que as mulheres desbundantes e com largas cadeiras, mas com cinturas finas, são mais inteligentes que as demais.
A inteligência destas voluptuosas garotas, deve-se aos ácidos graxos Omega 3 que se acumulam ali e que intervêm no desenvolvimento do cérebro. Os pesquisadores analisaram dados de 16 mil mulheres, concluindo que ao comparar as medidas da cadeira com a cintura, a proporção ideal resulta de 0.6 e 0.7.
O professor Konstantinos Manolopoulos, quem encabeçou a equipe da Universidade de Oxford, assegura que as mulheres com mais gordura nas nádegas têm níveis menores de colesterol e glicemia. Ter um grande traseiro também favorece os níveis de leptina no corpo feminino. A leptina é um hormônio que se encarrega de regular o peso; bem como a dinopectina, hormônio com efeitos antiinflamatórios, vasculoprotetores e anti-diabéticos.

O tecido adiposo dos glúteos grandes prende as partículas gordas daninhas e evita padecimentos cardiovasculares. Outros interessantes resultados destas pesquisas foram que, ao que parece, os filhos nascidos de mães com cadeiras mais largas são intelectualmente superiores aos filhos de mães menos voluptuosas.

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