sexta-feira, 27 de abril de 2012

Usiminas está em situação difícil e complexa, admite presidente



Valor Online
25/04/2012 - 11:40:54



Após prejuízo no primeiro trimestre, direção da companhia diz que seguirá controlando custos e reitera investimentos programados

O recém-empossado presidente da Usiminas, o argentino Julián Alberto Eguren, admitiu hoje, em teleconferência com analistas para comentar os resultados do primeiro trimestre, que a situação da siderúrgica mineira é “difícil e complexa”. “Depois de algum tempo à frente de Usiminas, posso comentar com mais conhecimento. A Usiminas está em situação difícil e complexa, mas que já esperávamos”, disse.

Conforme o executivo, que assumiu o comando da companhia brasileira após a entrada da Ternium, siderúrgica do grupo ítalo-argentino Techint, no bloco de controle, a “gravidade da situação da empresa exige compromisso de pessoal”. Mundialmente, comentou, o ambiente para os negócios das siderúrgicas segue adverso com nível lento de recuperação. No país, pesam ainda o elevado volume de participação do aço importado, a moeda ainda valorizada e o custo Brasil.




Sob o mantra do “intenso controle de custos e despesas”, o executivo destacou que, apesar desse cenário, a Usiminas vai buscar retomar a participação de mercado perdida especialmente para o aço importado ao longo de 2012 e capturar os benefícios do ciclo de investimentos que está em fase de conclusão.

Nos três primeiros meses do ano, a Usiminas registrou prejuízo de R$ 36,8 milhões, contra resultado positivo registrado tanto no trimestre imediatamente anterior quanto um ano antes.

Investimentos

Embora a situação esteja complicada, a direção da Usiminas reiterou que os investimentos programados pela companhia para 2012 deverão se aproximar de R$ 2,5 bilhões, praticamente em linha com o valor desembolsado no ano passado.

Em 2011, os aportes da siderúrgica mineira na operação somaram R$ 2,49 milhões, abaixo dos R$ 3,192 bilhões investidos no exercício anterior.

De acordo com o diretor de finanças e relações com investidores da Usiminas, Ronald Seckelmann, o momento é de encerrar um ciclo de investimentos, o que deve pressionar a dívida líquida ainda no segundo trimestre. Já no segundo semestre, a tendência é a de que o endividamento seja menos pressionado por esse tipo de desembolso.



quinta-feira, 26 de abril de 2012

5 dicas para se destacar globalmente

EXAME Mercado

20/04/2012 06:00

São Paulo – O mundo está olhando para o Brasil de maneira diferente e os interessados em dar uma guinada profissional de maneira global precisam ter um perfil adequado ao mercado de trabalho.

“As economias dos Estados Unidos e da Europa estão estagnadas e, por isso, a estratégia deles é olhar para fora das fronteiras. O mercado pode ser aqui, mas o perfil é global”, afirma Michael Getchell, sócio e diretor executivo para a América Latina na DHR International.

Em entrevista a EXAME.com, Getchell diz que se sente um brasileiro apesar de sua origem norte-americana. E, afirma que os norte-americanos e os europeus estão satisfeitos com a qualidade dos executivos brasileiros.

“O executivo brasileiro já teve que trabalhar numa época de hiperinflação e por ser criativo, flexível, ter jogo de cintura, ele se adapta a diferentes cenários”, explica. Para ele, hoje, na atual economia, este tipo de atitude é um diferencial.

Confira as recomendações do headhunter:

1. Faça seu dever de casa

Um bom curso de graduação, se manter constantemente atualizado, e investir na carreira desde a época do estágio. Para Getchell, fazer cursos é indispensável e um MBA continua sendo tão importante quanto.

“Faz sentido fazer um curso de MBA em faculdades tradicionais clássicas e de calibre como a Harvard, Standford e Insead”, afirma.


2. Busque experiência profissional no exterior

Getchell recomenda que os profissionais procurem vivenciar outras culturas e se a empresa em que trabalha proporciona a oportunidade de fazer uma job rotation é preciso correr atrás

 Michael Getchell, sócio da DHR International, afirma que o executivo brasileiro chama a atenção de multinacionais pela habilidade de se adaptar a diferentes cenários.


3. Invista no inglês

Para Getchell, a dificuldade do domínio da língua inglesa pode sim limitar as chances de obter um cargo ou projeto. Ele explica que 80% de seus clientes são multinacionais e o idioma do mundo dos negócios é o inglês. “É business english, são termos e conceitos complexos. As pessoas não têm paciência se você não souber”, explica.

De acordo com ele, o espanhol é outro idioma essencial para os interessados em trabalhar em multinacionais devido ao foco destas empresas no mercado da América Latina.


4. Pense fora da caixa

Algumas empresas conservadoras buscam profissionais que tenham um plano de carreira bem linear, entretanto para o diretor executivo da DHR International, buscar soluções inovadoras e ter um espírito empreendedor são habilidades importantes.

Getchell explica que, às vezes, é preciso recuar no seu plano de carreira para depois crescer. Enquanto, para outros profissionais, é preciso vivenciar a rotina de um ambiente corporativo.


5. Recicle-se

“Os profissionais que permanecem, crescem nas empresas e agregam valor, são pessoas que vão sempre perpetuar sua carreira acadêmica também”, resume Getchell.

Por isso, para ele, é preciso fazer cursos sim, e sempre se reciclar, buscar novos conhecimentos alinhado com o que está acontecendo no mundo.



quarta-feira, 25 de abril de 2012

Quanto tempo devo ficar no emprego?

Sua Carreira, Sua GestãoSua Carreira, Sua Gestão

25.04.2012 - 11h30
Fernando Mantovani

Quem nunca se fez a pergunta do título do post? O importante é entender que uma carreira precisa ser construída em base sólida e a duração, em média, é de 30 anos e não 30 meses. Chama à atenção a quantidade de profissionais buscando transições de emprego baseadas única e exclusivamente na questão financeira sem passar mais de 15 meses em um mesmo emprego.

Essa motivação por salário é o que preocupa, pois as três principais razões que levam um profissional a mudar de emprego são perspectivas de carreira, relação com o superior imediato e qualidade de vida.

Algumas perguntas ficam no ar quando há inúmeras transições de emprego e pouco tempo de permanência – inferior a 15 meses – em todas as oportunidades. Por exemplo:

•Quais projetos o profissional conseguiu realizar em tão pouco tempo?

•Qual o aprendizado e desenvolvimento do profissional na empresa?

•Será que o profissional tem capacidade ou competência para permanecer por períodos mais longos dentro da organização?

•O quanto as transições foram motivadas pelo brilho que a oportunidade representava ou pela percepção do profissional de que sua permanência na empresa estava sob risco?

Um fato a ser levado em consideração é de que profissionais que apresentam tantas mudanças de empresa, não concretamente justificadas, em curto espaço de tempo são relegados em processos de recrutamento e seleção quando colocados ao lado de profissionais que demonstram maior estabilidade.

Algum leitor deve estar se perguntando: “Ficar 20 anos na mesma empresa não é ruim?”. Muito tempo em uma mesma empresa não é nenhum problema desde que se perceba evolução do profissional ao longo dos anos. O primordial é permanecer tempo suficiente para completar um ciclo e ser avaliado pelo resultado.



Em 2012, empregabilidade para engenheiros será de 100%

Mercado brasileiro tem um déficit de aproximadamente duzentos mil profissionais da área. Maior carência está na construção civil


Por: Altair Santos

De cada 100 vagas ofertadas no Brasil, 22 requisitam engenheiros. Trata-se da profissão com maior demanda no país atualmente, seguida de longe por administradores (14 vagas para cada 100) contabilistas (6 vagas para cada 100) e economistas (5 para cada 100). Os dados constam de pesquisa recentemente divulgada pela consultoria Ricardo Xavier, que revela ainda que de cada 22 engenheiros requisitados pelo menos metade é para o setor da construção civil.



Marshal Raffa: "Quanto mais qualificado for o profissional, mais ele será requisitado pelo mercado”.

Segundo Marshal Raffa, diretor executivo da consultoria, só a engenharia mecânica é tão requisitada quanto a civil. “Os engenheiros ligados à construção civil têm fortalecido esta posição devido aos grandes eventos do mercado brasileiro (Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas). Para a execução destes eventos é necessário infraestrutura. Tem ainda os investimentos no ramo imobiliário e a promessa do governo de executar na prática o PAC 2″, diz Marshal.

A expectativa é que as engenharias, em especial a civil, tenham um nível de empregabilidade de 100% pelo menos nos próximos cinco anos. Até porque, há escassez de profissionais no mercado. O Brasil forma anualmente 8 mil engenheiros, mas, de acordo com Marshal Raffa, para suprir a demanda o país deveria, no mínimo, graduar cinco vezes mais engenheiros. “México e Coreia do Sul formam mais do que nós. De cada um graduado aqui, lá eles graduam dois e cinco, respectivamente”, diz.

O consultor, no entanto, alerta que, além de graduar engenheiros, o Brasil precisa colocar profissionais qualificados no mercado. “Há uma carência de profissionais formados, mas também, mais do que isso, uma carência de profissionais qualificados”, afirma. Por isso, a escala de empregabilidade tem sido a seguinte: 1º) Engenheiros com experiência; 2º) Engenheiros com mestrado e doutorado; 3º) Recém-formados. “Existe trabalho para todos, pois hoje o Brasil deve ter uma falta de cerca de duzentos mil engenheiros”, estima Marshal.


Mais concorrido

A demanda por engenheiros civis tem causado mudanças até dentro das universidades. Atualmente, o curso desponta como o mais procurado em algumas instituições. No vestibular Fuvest 2012, que qualifica para a Universidade de São Paulo (USP), a graduação em engenharia ofertada no campus de São Carlos, no interior paulista, foi a mais procurada pelos candidatos. Para os aprovados em 2011, a concorrência foi de 26,78 por vaga; para 2012, 52,27.



Entrevistado

Marshal Raffa, diretor executivo da Ricardo Xavier Recursos Humanos

Currículo

- Graduado em ciência da comunicação (fonoaudiologia) pela PUC Campinas

- Tem MBA em gestão empresarial, especialização em responsabilidade social e coach profissional formado pela Pro Fit & Corporate Coach U

- É docente nas disciplinas de gestão em serviços, gestão de pessoas (bacharelado) e docente em projetos e processos (pós-graduação)

- Possui 15 anos de experiência como headhunter e na área de planejamento de carreira.

Contato: imprensa@ricardoxavier.com.br / www.ricardoxavier.com.br



Créditos
foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Por que ficou tão caro produzir no Brasil?


José Ricardo Roriz Coelho
Abril/2012


         Caminhamos para ser a quinta economia global, mas até quando poderemos sustentar tal posição com tantas fragilidades no sistema produtivo, elevadas taxas de juros, alta carga tributária, infraestrutura precária e cara? Como queremos ostentar a condição de nação desenvolvida se os brasileiros pagam quase 40% de impostos e se deparam com um dos custos de vida mais elevados do mundo? Os graves efeitos do "Custo Brasil" na produção manufatureira são evidenciados em estudos de respeitados organismos nacionais e internacionais. O setor é o que mais sofre com os persistentes ônus.

         Em 2011, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário - IBPT, os impostos pagos pelos brasileiros atingiram 33,99% do PIB, superando os 32,72% de 2010. Isso está muito acima da média de 25,5% nos países com os quais competimos. Para a indústria de transformação o problema é mais grave. Embora responda por 16,6% do PIB, ela contribui com 37,6% dos impostos. O estudo "A Carga Tributária no Brasil: Repercussões na Indústria de Transformação", do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp - Decomtec, mostra que os tributos representam 40,3% dos preços dos produtos industriais, considerando-se toda a cadeia, a montante e a jusante.

         Há, ainda, custos relativos ao pagamento dos impostos. A complexidade do sistema obriga a contratação de serviços não necessários em outros países. Segundo o estudo "Carga Extra na Indústria Brasileira", também do Decomtec/Fiesp, 1,16% do faturamento das empresas é gasto apenas para se manterem em acordo com a legislação, o que significa R$ 19,7 bilhões ao ano. Considerado o pagamento de tributos embutidos nos insumos, o índice sobe para 2,6%.

         Além disso, o Bureau of Labor Statistics - BLS, responsável pelas estatísticas trabalhistas nos Estados Unidos, aponta que os encargos sobre a folha de pagamentos no Brasil, os mais altos dentre 34 países analisados, representam 32,4% dos custos com mão de obra na indústria de transformação. São 11 pontos percentuais acima da média das nações avaliadas (21,4%), ou 7,4 à frente da média europeia (25%). Mais grave é a diferença em relação aos emergentes: México (27%); Argentina e Coreia do Sul (17%).

         O Brasil encontra-se em desvantagem também no custo da eletricidade. Nossa tarifa industrial foi estimada pelo Energy Information Administration - EIA, dos EUA, em US$ 138/MWh, a segunda mais alta do mundo. Um bom parâmetro para comparação é o Canadá, onde, como aqui, a matriz energética é baseada na hidroeletricidade. Mesmo assim, a tarifa brasileira é 182% maior. Os encargos e os tributos contribuem para isso, mas, mesmo eliminando-os, a energia brasileira ainda seria 108,3% mais cara. Resultado: a última Pesquisa Industrial Anual do IBGE mostra ser de 2,6% a participação da energia elétrica e consumo de combustíveis para aquecimento e operação de maquinaria nos custos totais da indústria brasileira de transformação. Ressalte-se: o cálculo não considera a cumulatividade na cadeia de valor.

         Também são graves, conforme o Plano Nacional de Logística e Transportes - PNLT, do Ministério da Defesa, os custos nessa área, que representam 20% do PIB. Outro estudo ("Custos Logísticos no Brasil - 2006/2008", da Universidade Federal do Rio de Janeiro), mostra que o percentual da receita líquida das empresas comprometido com transporte, estoque e armazenagem foi de 7,5%.

         Defrontamo-nos, ainda, com um dos mais elevados custos de capital do mundo, que se deve a dois fatores: taxa básica de juro real entre as mais elevadas do mundo e spreads bancários, que aumentaram significativamente após 2008, apesar da redução da Selic. Em função desses fatores, nosso custo financeiro é o mais alto do mundo, sendo 11,5 vezes maior do que o dos países que calculam os juros como o Brasil (Chile, Itália, Japão e Malásia).

         Em outro estudo do Decomtec/Fiesp ("Juros em Cascata sobre o Capital de Giro: O Impacto sobre a Indústria Brasileira"), foi estimado que, em 2007, o custo do capital de giro para as indústrias equivaleu a 6,7% do preço dos produtos industrializados, contra 1,97% no conjunto de países incluídos no Índice de Competitividade da Fiesp. Em 2011, o impacto do custo de capital de giro aumentou para 7,5% do preço dos produtos industrializados, uma vez que cresce a taxa de juros para as empresas.

         Os juros altos estão intimamente ligados à valorização cambial, cujo mercado é majoritariamente composto por fluxos financeiros, e os capitais são atraídos principalmente pelos juros elevados em comparação com as taxas baixíssimas dos países desenvolvidos. Tendo em vista o câmbio médio do ano e descontando a inflação do Brasil e dos Estados Unidos, o real valorizou-se 49,9% em relação ao dólar, entre 2006 e 2011. Isso é assustador frente ao aumento de produtividade física da indústria de transformação de apenas 9,2%, no mesmo período.

          Devido a todas essas razões, e deprimida pela combinação da barata produção chinesa com a demanda combalida dos países ricos, a indústria defende a contínua e rápida redução da Selic e o equilíbrio do câmbio. A bomba que está estourando agora, atingindo primeiramente a manufatura, resulta de termos insistido muito tempo na combinação explosiva de câmbio livre com a maior taxa de juros do mundo. Por isso, o real teve valorização de 74,6%, de junho de 2004 a dezembro de 2011, sem que tivéssemos a mínima possibilidade de melhorar a nossa produtividade, devido ao brutal aumento de custos. Defendemos, sobretudo, a retomada das reformas estruturais, em especial a tributária e a trabalhista. São medidas dependentes de políticas públicas, essenciais para conter a desindustrialização e resgatar a competitividade.



Créditos

José Ricardo Roriz Coelho é presidente da Associação Brasileira da Indústria de Plástico - Abiplast e da Vitopel e diretor titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - Fiesp.