sexta-feira, 4 de maio de 2012

O papel do gestor ambiental nas organizações



sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Por Fernanda Faustino


A demanda por bons profissionais em qualquer setor de uma organização é um fator intrínseco para que a empresa chegue ao sucesso. Essa demanda cresceu consideravelmente na área ambiental nas últimas décadas, impulsionada pelo avanço de leis e normas que regem a conduta das organizações nesse segmento.

Com isso, a figura do gestor ambiental ganha cada vez mais importância nesse cenário, pois é ele quem analisa desde os processos que precisam ser implementados até as consequências dessas ações para a empresa e para a sociedade. O papel do gestor é cuidar da parte ambiental da empresa, administrando os diferentes recursos para o atendimento das questões relativas ao meio ambiente exigidas pelos diversos órgãos fiscalizadores.

As atribuições são as mais variadas. É ele quem realiza a gestão de resíduos da empresa, o controle de insumos adequado e ambientalmente correto, o treinamento dos colaboradores nas questões ambientais, o auxílio aos setores de planejamento e engenharia na escolha de locais adequados para futuras expansões, bem como o atendimento de solicitações referentes à qualidade ambiental, orientando sobre as exigências legais existentes, a realização de atividades internas e externas que visem à preservação e, mais do que tudo, a integração da comunidade para a melhoria da imagem da empresa.

De acordo com Marcos Alberto de Oliveira, coordenador do curso de pós-graduação em Gestão para a Sustentabilidade da Faap - Fundação Armando Álvares Penteado, a demanda para esse profissional no mercado de trabalho é crescente, à medida que as organizações têm adotado uma postura voltada ao desenvolvimento sustentável. "O gestor ambiental surgiu da necessidade das empresas considerarem a conservação do meio ambiente em suas estratégias de negócios, por isso, ele ganha, cada vez mais, espaço no mercado, conforme as empresas se adequam às novas legislações", explica. "Ao atuar na elaboração de projetos voltados à conservação do meio ambiente, esse profissional contribui para que a organização tenha uma gestão voltada para a sustentabilidade."

Marcos Oliveira, da Faap: "O gestor ambiental surgiu da necessidade das empresas considerarem a conservação do meio ambiente em suas estratégias de negócios, por isso, ele ganha, cada vez mais, espaço no mercado, conforme as empresas se adequam às novas legislações"


Outro ponto importante, apontado por Oliveira, é a profissionalização dos gestores. "A capacitação desses profissionais é um fator fundamental, pois isso faz com que ele compartilhe informações e conhecimentos sobre as metodologias e ferramentas utilizadas no gerenciamento ambiental com os demais profissionais da empresa, além de aplicar as melhores práticas de planejamento, execução e controle de projetos voltados à sustentabilidade", explica.

Opinião do Gestor - Para Péricles de Oliveira, diretor de Meio Ambiente, Gestão de Saúde e Segurança da Siemens no Brasil, é necessário que o futuro gestor tenha algumas características imprescindíveis que irão fazer parte do cotidiano da profissão. "Um gestor ambiental não pode ser encontrado em uma mesa de trabalho, por exemplo, pois precisa ser uma pessoa extremamente proativa e participativa, que tem de se envolva em todos os setores da empresa. Quando falamos desse profissional, não falamos de uma pessoa que cuida de um setor específico, mas, sim, de uma pessoa que se envolve de forma abrangente com o negócio e seus colaboradores, além de ter muito amor pela profissão."

Ele relata que dentre as dificuldades que o profissional enfrenta durante a carreira, a maior delas é o conformismo. "A maior dificuldade do gestor está nele mesmo", coloca. Para Oliveira, é necessário que um gestor tenha habilidade de lidar com pessoas e ser um líder nato. "Para que as pessoas cuidem e se preocupem com o meio ambiente, é preciso cuidar delas primeiro", observa.

Segundo ele, a demanda por bons profissionais de gestão ambiental tende a crescer cada vez mais. "Tivemos, aqui na Siemens, algumas pessoas que não preencheram, sequer, os quesitos mínimos para esta área de atuação", expõe.

Para ele, as organizações que não implantarem a área da gestão ambiental em suas corporações, em curto e médio prazo, futuramente irão sofrer as consequências pela própria exigência da sociedade. "A situação está mudando com o aumento da consciência ambiental em toda a sociedade. Hoje em dia, por exemplo, dependendo de onde a pessoa estiver, não se pode fumar, pois já existem, inclusive, normas com essa exigência", comenta.

Péricles de Oliveira, da Siemens no Brasil: "Um gestor ambiental não pode ser encontrado em uma mesa de trabalho, por exemplo, pois precisa ser uma pessoa extremamente proativa e participativa. Essa pessoa deve se envolver de forma abrangente com o negócio e seus colaboradores, e ter muito amor pela profissão"

De acordo com Mário Roberto Bazarra, doutor em Engenharia Ambiental, o surgimento do gestor ambiental não possui uma linha bem definida como a de outros profissionais, que têm suas características e atividades bem delineadas desde a existência da profissão.

O que se pode perceber, segundo ele, é que, ao longo da história, este profissional já existia sem ter, de fato, esta denominação. "Até hoje, existem profissionais que exercem a função do gestor ambiental, mas não são reconhecidos como tal", observa.

A formação necessária, segundo ele, pode ser em nível de especialização nos diversos cursos de Gestão Ambiental, porém há cursos de graduação que também capacitam estes profissionais. "Tudo dependerá da empresa. Se ela tiver a necessidade de interligar alguns setores pode, por exemplo, ser interessante um profissional com formação em segurança do trabalho - técnico de segurança do trabalho - e que tenha o curso de Tecnologia em Gestão Ambiental", explica.

Para Bazarra, o gestor ambiental deve ser, antes de tudo, o elo entre os diversos setores da empresa, pois a visão holística deste profissional pode auxiliar na resolução de problemas que muitas vezes não são percebidos pelos outros. "O que se espera é que este profissional tenha uma visão do conjunto, promovendo e incitando os outros funcionários, dentro de sua especialidade, a resolverem os problemas em conjunto e em prol de uma melhoria comum", atesta. "Acredito que a maior e melhor ferramenta desse profissional seja o poder de observação e o conhecimento das leis e normas pertinentes ao trabalho desenvolvido. Isto, aliado a um apoio real por parte da empresa, deverá resultar em benefícios para a mesma", avalia.

A inter-relação do meio ambiente com a segurança do trabalho

Bazarra informa, ainda, que o que mais se vê nas empresas é a junção da área de gestão ambiental com a de segurança e saúde do trabalho, o que, na verdade, ajuda a reduzir gastos para o atendimento das necessidades. Porém, para que isso seja uma opção adequada, dependerá da estrutura da empresa, do tamanho da mesma, etc. Conforme ele, o que se tem observado é uma procura enorme por parte de profissionais da área de segurança do trabalho pelos cursos das áreas ambientais, muitos por exigência da própria empresa e outros pela observação da necessidade do mercado. "Particularmente, acredito que a junção seja benéfica, porém a empresa deve fazer aportes a ambas as partes e não prejudicar uma em detrimento da outra", orienta.

Outra possível formação do gestor pode ser como Tecnólogo em Processos Ambientais. De acordo com o Plano de Desenvolvimento Institucional da Faculdade SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, de Tecnologia Ambiental, esta formação consiste em fazer com que o profissional se torne apto "a planejar, gerenciar e executar ação ambientais, bem como a realizar pesquisas tecnológicas visando a um desenvolvimento sustentável".

Segundo Fernando Codelo Nascimento, professor titular das Faculdades de Graduação e pós-graduação do SENAI, esta atividade é importante, pois supre uma necessidade do mercado de um profissional cujo perfil represente uma interface entre a linguagem do trabalho e da educação, através da identificação de competências básicas, específicas e de gestão.

Codelo, do SENAI: "A visão interdisciplinar é importante, pois contribue para a formação das competências básicas e específicas que nortearão a formação do tecnólogo em Processos Ambientais"

Ele explica que dentre as atribuições de um tecnólogo em Processos Ambientais estão: monitoramento e controle de poluição do ar, água e solo; auditoria ambiental; desenvolvimento de tecnologia de controle e prevenção da poluição; pesquisas acadêmicas; desenvolvimento de políticas públicas e privadas de controle e prevenção ambiental; licenciamento ambiental; operação de equipamentos de controle e monitoramento ambiental; desenvolvimento de indicadores ambientais; educação ambiental - elaborando programas e ministrando cursos; gestão ambiental de sistemas e processos ambientais - normas da serie ISO; dentre outras.

Para Codelo, é importante que o curso dê ao aluno a dimensão da visão interdisciplinar. "Em relação à Faculdade SENAI de Tecnologia Ambiental, pode-se dizer que os cursos têm visão interdisciplinar e transdisciplinar, e não apenas multidisciplinar", relata. "Estas visões são importantes, pois contribuem para a formação das competências básicas e específicas que nortearão a formação do tecnólogo em Processos Ambientais", observa.

Thales Batista Maciel, que concluiu a formação no curso de Tecnólogo em Processos Ambientais, acredita que o mercado é favorável para os novos profissionais pela questão da sustentabilidade. "As empresas estão mudando o pensamento para conseguir se manter e ganhar espaço no mercado", afirma.

Para ele, a maior dificuldade é em relação à conscientização das pessoas sobre a importância das questões ambientais. "Algumas pessoas têm restrição em mudar quando se trata de adotar condutas ambientalmente adequadas. Uma das funções do gestor é incorporar essa mudança à cultura das organizações", conclui.

O professor Alcir Vilela Jr., coordenador de graduação das áreas de Meio Ambiente, Saúde e Educação do Senac, destaca um aspecto relevante de responsabilidade do gestor, que é resolver a questão: "como que, resolvendo o problema de meio ambiente na organização, eu consigo fazer com que a empresa saia na frente?". Para Vilela Jr., essa questão demonstra que buscar maximizar oportunidades e ter uma visão geral é muito importante para o gestor ambiental. "Além disso, nessa área é impossível atuar sozinho. Tem que gostar de trabalhar em equipe", enfatiza.

A capacidade de negociação para atuar em situações de conflitos, segundo ele, também fará parte do dia a dia do gestor "Toda vez que falamos em meio ambiente, estamos falando de uma situação a qual todos têm direito", ressalta. "Quando um especialista está fazendo um designer de um carro ele pensa no consumidor. O gestor, entretanto, deve pensar, além de no consumidor, na comunidade do entorno, nas ONGs, nos acionistas e nos concorrentes. O profissional tem de ter muita habilidade para ouvir interesses de ambos os lados e é natural que se tenha conflitos de interesses nessa área. Quem gosta desse tema vai se dar muito bem", finaliza.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Veta, Dilma

N° Edição: 2216

27.Abr.12 - 21:00
Atualizado em 30.Abr.12 - 20:35

O retrocesso na legislação ambiental aprovada pelos deputados da bancada ruralista deve ser contido pela presidenta da República. Dilma Rousseff já dá sinais de que não vai anistiar desmatadores nem permitir o avanço sobre áreas protegidas

Octávio Costa, Izabelle Torres e Adriana Nicacio


A VOZ DO POVO
Um movimento contra a reforma do Código Florestal tomou Brasília e as redes sociais


Foi uma vergonha. A menos de dois meses da Rio+20, a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Câmara dos Deputados aprovou um Código Florestal que põe em risco a preservação das florestas brasileiras e passa por cima dos avanços ambientais das últimas décadas, como a obrigação de reflorestamento e as multas a quem desmatou áreas de preservação. A bancada do agronegócio fez o que quis com o texto e desfigurou o projeto aprovado no Senado, que era defendido pelo Palácio do Planalto. Impôs uma dura derrota ao governo. “Foi a vitória do atraso”, definiu o diretor do Greenpeace no Brasil, Paulo Adário “Os ruralistas estão divorciados da opinião pública e é fundamental que a presidenta vete o texto. Vamos batalhar por um projeto de iniciativa popular de desmatamento zero.” Para o bem do futuro e da imagem do País, a reação da presidenta Dilma Rousseff veio rápida. Por telefone, ela avisou ao líder governista Arlindo Chinaglia (PT-SP) que está disposta a vetar trechos que ameacem as florestas. “Não vou, em hipótese alguma, permitir anistia a desmatadores”, advertiu a presidenta. Em nome de Dilma, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, confirmou a firme disposição do Planalto: “Lamento o rompimento do acordo. Aquilo que representar anistia não terá respaldo do governo.”

A presidenta Dilma ficou profundamente irritada com as alterações feitas pelo relator, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), no projeto aprovado pelo Senado no ano passado. Ao ler o novo texto e analisar as 21 mudanças da lavra de Piau, Dilma antecipou que considera inadmissível a possibilidade de o agronegócio avançar em áreas de florestas protegidas e o fim das punições aplicadas aos produtores que descumpriram a legislação ambiental. Na avaliação do governo, a proposta aprovada na Câmara feriu todos os acordos políticos e colocou em suspeição as relações do Executivo com a própria base aliada. O texto do relator recebeu 284 votos a favor, 71 dos quais saíram da bancada do PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer. Foi uma demonstração de força do agronegócio, que financiou quase metade dos deputados federais eleitos em 2010. Os ruralistas bancaram, inclusive, a campanha do próprio Paulo Piau. “Houve tantos absurdos que a escolha do relator foi apenas mais um deles. A nossa esperança agora é de que a palavra final será da presidenta Dilma. Esperamos que ela vete diversos trechos desse Código”, afirmou o deputado Sarney Filho (PV-MA).


OS INSENSATOS
Com um arrogante sinal de positivo, bancada ruralista festeja o atentado contra a floresta

Esta semana, a presidenta recebe o texto aprovado pelos deputados e começará a analisar os itens que serão vetados. Vai contar com a ajuda da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, para avaliar os riscos de cada artigo para o futuro das florestas. A ministra acredita que vários rios estão fadados à extinção, caso o projeto permaneça como está. Durante as negociações com a Câmara, Izabella tentou convencer integrantes da base de apoio do governo a votar de acordo com o projeto do Senado. Mas fracassou, embora tenha antecipado aos parlamentares que os vetos presidenciais viriam. Na mesma linha, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que era “público e notório” que o governo esperava um resultado que confirmasse o que havia sido acordado no Senado. “Como o direito de veto nos é dado pela Constituição, a presidenta vai analisar a questão com muita serenidade, sem animosidade”, avisou Carvalho. Ele lembrou que Dilma, durante a campanha eleitoral, assinou um documento dizendo que não apoiaria brechas para novos desmatamentos. “Os compromissos que ela assumiu serão os parâmetros que irão nos orientar”, completou.

A declaração de Carvalho foi um alívio para ambientalistas que citam a toda hora o compromisso assumido por Dilma com a preservação do meio ambiente. Para eles, o Código Florestal aprovado na Câmara consegue reunir em mais de 80 artigos o que há de mais atrasado em matéria de legislação ambiental. “Vai na contramão do mundo. Esse Código Florestal é um retrocesso inimaginável”, afirma Márcio Astrini, coordenador de Campanha do Greenpeace. A diretora da WWF Brasil, Maria Cecília Wey de Brito, diz que a manutenção do projeto como sairá da Câmara seria um “duro golpe” nas promessas da presidenta. “Dilma Rousseff garantiu que não toleraria leis que promovessem novas ondas de desmatamento ou anistiassem crimes florestais do passado. Ela sabe que essas mudanças são negativas para o Brasil”, alerta Maria Cecília.




GOLPE DO ATRASO
Manifestantes pedem reação do Planalto, enquanto deputados como o líder ruralista Ronaldo Caiado (abaixo) comemoram a mutilação feita no Código Florestal



Apesar do anunciado veto presidencial, o ambientalista Mário Mantovani, da Fundação SOS Mata Atlântica, que conta com mais de 100 mil sócios pagantes, se diz bastante preocupado com o texto que saiu do Congresso. “O resumo do projeto é: o crime compensa”, afirmou Mantovani à ISTOÉ. Para ele, havia claros sinais do que poderia ocorrer, em razão da força econômica da bancada ruralista. Mas Mantovani esperava mais da parte do governo, que não conseguiu controlar sua base. “O que nós vimos foi uma anistia, ampla, geral e irrestrita. Quem ainda quer desmatar o Brasil pode fazê-lo dentro da lei”, lamenta. Mantovani explica que o que está em jogo não é a criação de corredores de vegetação para o mico-leão-dourado, mas a preservação da água. “Acabaram com a proteção dos rios”, acusa.

Os ambientalistas estão preocupados, especialmente, com o artigo que transfere para os Estados a responsabilidade pelas regras de reflorestamento nas margens de rios com mais de dez metros de largura. “As margens de rios largos não serão recuperadas, o que favorece a erosão e interrompe o ciclo da água”, diz a representante no Brasil da ONG The Nature Conservancy, Ana Cristina Barros. O relator Piau também excluiu da definição de Áreas de Preservação Permanente (APPs) os chamados apicuns e salgados, as partes dos manguezais mais importantes para a produção de camarão. A medida havia sido aprovada pelo Senado, mas saiu do relatório por pressão dos produtores do crustáceo da região Nordeste. Quanto às APPs, o relator realizou os desejos dos ruralistas e retirou da lei o trecho que determinava que devastação nessas áreas, se localizadas dentro de Unidades de Conservação, teriam de ser recuperadas. Pelo novo texto, serão consideradas áreas consolidadas, cujas “benfeitorias” devem ser respeitadas pela União.

O projeto aprovado na Câmara concede outras vantagens aos comandantes do agronegócio. Proíbe a divulgação do Cadastro Ambiental Rural, que mostra o tamanho das propriedades. Sem o acesso público ao cadastro, fica impossível fiscalizar se os agricultores estão cumprindo a legislação. Hoje, 80% das terras brasileiras estão nas mãos de menos de 20% de proprietários. A única regra que os ruralistas tiveram de engolir foi a obrigatoriedade de recomposição da vegetação nativa em Áreas de Preservação Permanente desmatadas até julho de 2008. O relator Piau tentou excluir esse trecho, mas foi enquadrado pelo presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que lembrou a ele as limitações impostas pelo Regimento Interno da Câmara. Pelas normas em vigor, o relator não pode simplesmente excluir um trecho já aprovado pelas duas Casas do Congresso. Diante do inevitável, a bancada ruralista prometeu reação mais à frente. “Tenho certeza de que as gerações futuras subirão nesta tribuna para mudar essa legislação. Estarão arrependidos dessa história de APPs e reserva legal. Vão ver que isso é tudo conversa fiada porque o que vale mesmo é a produção de alimentos”, avisou Moreira Mendes (PSD-RO), que preside a Frente Parlamentar de Apoio ao Agronegócio. “O governo só ganhou essa porque foi por WO”, ironizou o relator Piau.


Na avaliação de Roberto Smeraldi, diretor da fundação Amigos da Terra e especialista em sustentabilidade, o que ocorreu na última rodada de votações da Câmara ultrapassou todos os limites do que era esperado pelos mais pessimistas. Para ele, o texto do Senado incluía elementos problemáticos, mas tinha consistência lógica e sustentação jurídica. A lei aprovada pelos deputados vai gerar muitos contenciosos, pela fragilidade do texto. Segundo Smeraldi, o novo Código cria uma grande insegurança jurídica, pois não garante a proteção da floresta e ainda traz confusão fundiária, que certamente levará a ações de inconstitucionalidade e disputas entre Estados e entes privados, além de medidas do Ministério Público. Em resumo, trata-se de uma lei inaplicável. Smeraldi lembra que o artigo 42, que criava benefícios financeiros para os proprietários de florestas preservadas, acabou suprimido. “Considerando os responsáveis pelas alterações, é óbvio que a legislação serviria para acabar com as florestas. Mas a obsessão antiflorestal afeta até o produtor que preserva”, diz ele.



ONDA NACIONAL
A defesa da legislação ambiental começou na capital e se espalhou por todo o País

As críticas ao novo texto não se restringem à ameaça ao futuro das florestas e dos rios. Há também uma questão política, que envolve a postura adotada pelo Brasil sobre desenvolvimento sustentável. Uma oportunidade para que o País mostre o que tem feito à comunidade internacional é a Conferência das Nações Unidas sobre Sustentabilidade, a Rio+20. O evento vai discutir as medidas adotadas pelos países para garantir o desenvolvimento aliado à proteção do meio ambiente. O Brasil, que se tornou referência mundial pelo avanço do manejo florestal e sempre esteve entre os modelos de combate às mudanças climáticas, agora terá de explicar o motivo do retrocesso. “Por essa razão, o texto não é vetável em doses homeopáticas, pois na sua essência é uma grande anistia. O ideal seria a presidenta Dilma encaminhar um novo texto ao Congresso em regime de urgência urgentíssima”, diz o advogado especialista em direito ambiental André Lima, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. A ideia já é avaliada pelo governo, que estuda modificar 30 artigos da nova lei por meio de uma medida provisória.


O atraso da nova legislação fica ainda mais evidente quando ela é comparada à de outros países. Um estudo do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e do ProForest, ligado à Universidade de Oxford, analisou a legislação florestal de pelo menos 11 nações e concluiu que há pelo mundo regras rígidas e claras para evitar o avanço do agronegócio e das obras de infraestrutura nas florestas. Enquanto o Brasil cede às exigências dos ruralistas, outros países marcham em outra direção. Adotam políticas ambientalistas e aplicam regras e leis que impõem proteção da cobertura florestal e normas de reflorestamento. No Reino Unido, por exemplo, o governo proíbe radicalmente o avanço da agricultura sobre as florestas. A conversão dessas áreas só é permitida para obras de infraestrutura, com autorização oficial e provas suficientes de que não havia alternativa para obras em outros locais.

A Europa tem as experiências de reflorestamento mais bem-sucedidas. Na Alemanha, o Estado proíbe a invasão de terras de florestas pelo agronegócio e autoriza a exploração de madeira nas florestas somente depois de um longo processo burocrático e com a condição de um acordo de recomposição e manejo das áreas devastadas. A Lei Florestal estabelece que, uma vez concedida autorização para cortar árvores, o que for extraído precisa ser recuperado num limite razoável de tempo e prevê multa para quem descumprir ou ignorar esses prazos. O estudo mostra ainda que em grande parte dos países o reforço da legislação ambiental veio depois que já se tinha perdido uma proporção elevada das florestas. Agora, se depender da Câmara dos Deputados, o Brasil ensaia a flexibilização das normas que por décadas serviram de exemplo para o mundo. Uma vergonha, que pode ser estancada com a caneta presidencial. É preciso não mais que uma dose de bom-senso como clama um movimento que se espalha pelas redes sociais do País: “Veta, Dilma!”



Atitudes que tornam alguém ‘persona non grata’ na empresa


Especialistas listam pequenos gestos irritantes que podem levantar muros entre colegas de trabalho
O Globo, com informações do The Wall Street Journal
Publicado: 27/04/12 - 10h15


A verdade é que seus colegas de trabalho estão sempre te julgando. Sob o verniz de camaradagem profissional, eles estão avaliando a bagunça em sua mesa, as palavras que você escolhe para se expressar e até mesmo o modo como você mastiga. Obviamente, faltas de conduta graves, como discriminação e assédio podem levar à perda do emprego. Mas pequenos gestos irritantes podem levantar muros entre colegas de trabalho e acabar afetando a produtividade, mostra artigo publicado pelo site do Wall Street Journal.

"Esses pequenos aborrecimentos, como ter uma área de trabalho desorganizada ou comer sem parar em sua mesa, podem ter proporções inesperadas'', afirma Charles Purdy, editor sênior do site de empregos Monster.com, citado no artigo.

Para evitar julgamentos negativos de seus colegas de trabalho, os especialistas em RH e gestão de pessoas apontam que atitudes devem ser evitadas no ambiente corporativo:


1 - Ser puxa-saco - Aqueles profissionais que estão sempre se promovendo às custas de seus colegas de trabalho, criando intrigas, explica Meredith Haberfeld, coach de executivos sediada em Nova York, acabam sendo malvistos pela equipe. Ela foi consultora de uma empresa de RH onde um jovem funcionário apontava os erros de seus colegas de trabalho. ''Ele criou um clima de mal-estar e nunca se dirigia ao grupo para dar quaisquer ideias enquanto via o barco afundando. Por causa disso, ninguém queria trabalhar com ele'', explicou.

Tentar tirar o trabalho de seus colegas ou levar o crédito pelas tarefas feitas pelos outros também são péssimas jogadas.

"Essas pessoas são vistas como excessivamente egoístas e, portanto, difíceis de trabalhar. Em determinado momento, para crescer na carreira, você precisa não só ser apreciada por seu gestor, mas ter o apoio de colegas e funcionários mais jovens'', diz a consultora.



2 - Negatividade - Uma fofoca ou reclamação ocasional pode até aliviar o estresse no ambiente de trabalho. Mas quando é demais, o funcionário pode ficar na pior.

"Às vezes, é divertido falar do chefe, mas a pessoa que está sempre reclamando, falando mal de tudo e de todos, acaba sendo detestada pelos outros'', diz Charles Purdy, da Monster.com. Os colegas acabam associando pensamentos negativos a você''.

Segundo pesquisa feita pela Monster.com em 2011, os entrevistados relataram que entre os comportamentos grosseiros apresentados pelos seus colegas, os menos suportados são ficar de segredinhos e mandar mensagens de textos durante reuniões. Isso acaba tirando o foco de todos, além de não pegar bem na frente de clientes e funcionários de outros setores. Os funcionários também são criticados quando interrompem seus colegas, ignoram ou descartam as ideias dos outros, diz Peter Post, escritor e bisneto da especialista em etiqueta Emily Post.

"São coisas que as pessoas recordam por um longo tempo. Com atitudes assim, você está atacando e menosprezando os outros'', diz Post. ''Eles, o veem como um tirano e não querem interagir com você''.

Queixar-se sobre o comportamento "inadequado" das outras pessoas está, na pior das hipóteses, fora de cogitação.

"É uma sensação muito condescendente", diz Art Papas, fundador da TheFit.com, um site onde os trabalhadores participam de pesquisas anônimas sobre as culturas das empresas. "Só porque você foi ofendido, não significa que deva ficar espalhando a notícia''.



3. Bagunça - Deixar o ambiente bagunçado, particularmente em áreas comuns ou em espaços de trabalho compartilhado, pode gerar críticas negativas. De acordo com pesquisa recente feita pela empresa de consultoria Adecco, a maioria dos entrevistados acredita que as pessoas são mais produtivas quando seu espaço de trabalho é limpo, embora alguns vejam um pouco de bagunça como sinal de que a pessoa é ocupada. Outros a veem como sinal de preguiça.



4. Falta de Etiqueta em Pequenos Espaços - Nos escritórios com poucas portas e janelas e muitos cubículos, ter preocupação com odores fortes e barulho é importante. Imagine levar um peixe do jantar de ontem para almoçar dentro do escritório, ou vir de bicicleta para o trabalho em um dia de calor e ir direto para sua sala, sem se preocupar em fazer uma higiene rápida no banheiro. Coitados daqueles que trabalham a seu lado!

Pior ainda quando é preciso passar o dia todo ao lado daquela pessoa que só fala gritando:

“'Se você precisa se concentrar e alguém não para de berrar, isso certamente vai afetar seu trabalho”, diz Margaret Fiester, gerente de operações do centro de estudos em recursos humanos da Society for Human Resource Management.


5. Não se encaixar - É importante se encaixar na cultura da empresa. Isso pode incluir o modo como você se veste e até mesmo aquilo que você diz. Há também um código de conduta para e-mails.

"É preciso ter cuidado para não ser demasiado brusco, ou ficar sempre classificando todas as mensagens como urgente. Ou encaminhar cópias para todo mundo'', diz Purdy, alertando que mandar cópias ocultas é sempre uma ideia perigosa. "A transparência é importante, e o impede de parecer subserviente. Se estiver copiando alguém com o objetivo de colocar um colega em apuros, você vai ficar conhecido como o idiota do escritório."


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/emprego/atitudes-que-tornam-alguem-persona-non-grata-na-empresa-4751775#ixzz1tX3AzxLa