sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Engenharia de confiabilidade reduz falhas e custos

Agosto/2011

"Estima-se que mais de US$ 300 bilhões são gastos na manutenção e operação pela indústria americana a cada ano, e que aproximadamente 80% desse valor é gasto para corrigir as falhas crônicas em máquinas, sistemas e erros humanos." (Dhillon)

No Brasil, a situação não é diferente: dados da última pesquisa da Abramam - Associação Brasileira de Manutenção (2009) revelam que o País investe cerca de R$ 128 bilhões na manutenção de produtos, equipamentos, pessoal e material, o que representa 4,14% do faturamento bruto da indústria. Os equipamentos e as instalações têm em média 17 anos de uso.

O que é confiabilidade
Confiabilidade é a capacidade de um produto ou sistema funcionar sem falhas durante certo período de tempo.

Entre as atividades desenvolvidas para uma indústria pela engenharia de confiabilidade, que tem como tarefa principal prevenir a ocorrência de falhas, destacam-se:

fornecer orientação para melhorar o desempenho dos equipamentos de sistemas produtivos;
empregar métodos estatísticos e técnicas para determinar as estratégias de manutenção dos equipamentos (custos com a parada da produção, custos diretos de manutenção e impactos na segurança e no meio ambiente);
analisar dados e relatórios de incidentes para apontar causas e recomendar medidas preventivas, corretivas e/ou mitigadoras;
sugerir medidas para melhorar os métodos de produção, o desempenho dos equipamentos e a qualidade dos produtos;
oferecer informações aos engenheiros de projeto sobre como ampliar a vida útil de produtos e processos.
O cargo de engenheiro de confiabilidade foi criado há dez anos em grandes empresas dos setores de petróleo, petroquímico, aeronáutico, geração e distribuição de energia elétrica, alumínio, mineração e siderurgia. Desde então, outros setores industriais têm percebido a importância da utilização das técnicas de confiabilidade na melhoria de seus produtos e processos, seja no projeto, na manufatura, montagem, operação ou manutenção.

Economia no processo produtivo
Estudos de engenharia de confiabilidade permitem, através da análise de riscos e falhas, melhor planejamento da operação e manutenção de equipamentos e sistemas, reduzindo gastos, além de diminuição de estoques de peças sobressalentes e perda de produtos decorrente de paradas nas linhas de produção.

Um sistema de manutenção adequado reduz, em média, de 3 a 5% dos gastos com essa atividade. Nesse sentido, a confiabilidade é fator estratégico na prevenção de falhas, evitando o que se chama "não confiabilidade", que ocorre quando um equipamento ou sistema apresenta falha, o que gera custos, muitas vezes inesperados. E é justamente esse alto custo da não confiabilidade que motiva soluções de engenharia para controlá-lo e reduzi-lo.

Resultados do uso da engenharia de confiabilidade
Artigos publicados no Brasil mostram que, em pontes rolantes, na indústria de alumínio, a engenharia de confiabilidade possibilita melhor planejamento da manutenção preventiva; aumento da disponibilidade operacional; redução do custo de materiais de manutenção em US$ 120,000.00/ano; e redução de homem/hora de manutenção emergencial em 43%.

Em moinhos, na indústria de mineração, é possível a verificação dos modos de falhas no revestimento do moinho; a coleta de dados de degradação do revestimento através de medições por ultrassom; determinação de melhor período para troca do revestimento; análises comparativas de desempenho após melhoria implantada no revestimento; e planejamento da manutenção.

Na automação de unidades de processo, em refinarias, a engenharia de confiabilidade permite a confirmação de que a confiabilidade e a disponibilidade estão aquém das expectativas; a redução do custo operacional de R$ 34 milhões em um ano; e a demonstração de que, à medida que a disponibilidade de malhas é elevada, há melhor controlabilidade, o que leva a um menor número de interrupções na operação e redução do custo operacional.

Diferenciais da empresa que usa a engenharia de confiabilidade
Sem dúvida, merece destaque a empresa que aprende com suas falhas e trabalha duro com análise e planejamento para evitar quebras de equipamentos, paradas na produção e interrupções não programadas nos sistemas produtivos.

Outro diferencial é a ideia de que a manutenção trabalhe com análise de dados de falhas, de desempenho dos equipamentos e dos processos, definindo e planejando ações preditivas que impeçam a interrupção da produção e outras ações preventivas de curta duração e, consequentemente, impacto reduzido na disponibilidade dos processos.

Em resumo, uma cultura de confiabilidade faz com que o objetivo principal do departamento de manutenção seja não fazer manutenção.

Créditos
Este artigo foi escrito pela Central de Geração de Conteúdo de NEI Soluções com base nas informações fornecidas por Paulo Victor Fleming, doutor em Tecnologia Industrial pela Universidade de Bradford, Grã-Bretanha, mestre em Engenharia Nuclear pela COPPE/UFRJ, coordenador do curso de Engenharia Mecânica da Unifacs e consultor da Aremas Reliability Engineering Solutions.

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