quarta-feira, 29 de agosto de 2012

SENSORES MONITORARÃO OS SINAIS VITAIS DA TERRA


por Redação do The Economist


Sensor do projeto Neon nos Estados Unidos: cerca de 15 mil serão contruídos. Foto: Reprodução/Internet


Um plano de 30 anos para estudar a ecologia terrestre a partir dos Estados Unidos está prestes a começar.

A expressão Grande Ciência evoca a imagem de foguetes espaciais, telescópios e aceleradores de partículas. Os cientistas que usam binóculos e redes de borboleta raramente têm acesso aos recursos que fluem a partir dos chamados gestos científicos grandiosos. O que é surpreendente, uma vez que o habitat estudado pelos naturalistas, a terra firme, é o ambiente atualmente ocupado pela humanidade. Agora, um grupo de ecologistas norte-americanos, liderados por David Schimel, pretende corrigir esse desequilíbrio. Eles planejam revigorar o estudo da ecologia ao atribuir a este ramo a escala e ambição das Grande Ciência. Estão prestes a criar o Neon, o National Ecological Observatory Network (Rede de Observatórios Ecológicos Nacionais).

Encontrar recursos para esse projeto ambicioso, que será baseado em Boulder, Colorado, não tem sido fácil, mas após uma década de discussões e planejamento, a Fundação Nacional para a Ciência norte-americana conseguiu convencer o Congresso a reservar US$ 434 milhões do orçamento federal (tal valor equivale ao custo de uma sonda espacial modesta) para estabelecer o programa. O orçamento operacional será de cerca de US$ 80 milhões por ano.

A equipe de Schimel está começando a instalar sensores na paisagem. Tais operações já começaram em três locais no Colorado, Flórida e Massachusetts. Ao fim da instalação, 60 lugares espalhados pelo país serão monitorados simultaneamente. Uma vez que esta rede esteja totalmente instalada, em 2016, caso tudo dê certo, 15 mil sensores coletarão mais de 500 tipos de dados, incluindo temperatura, precipitação, pressão atmosférica, velocidade e direção do vento, umidade, incidência de luz solar, nível de substâncias poluentes tais como ozônio, a quantidade de diversos nutrientes nos solos e rios, e as condições de vegetação e de vida microbial em determinadas áreas.

Esses instrumentos tomarão as mesmas medidas ao mesmo tempo e do mesmo modo em vários lugares. Ao coletar dados desta maneira padronizada, e ao fazê-lo em muitos lugares e por longos intervalos de tempo, Schimel espera alcançar a potência estatística necessária para transformar o estudo da ecologia em um empreendimento de escala industrial. A ideia é observar como ecossistemas respondem a mudanças no clima e no uso da terra e à chegada de novas espécies. Isso permitirá que a equipe desenvolva modelos capazes de prever o futuro de um ecossistema e de permitir que os formuladores de políticas públicas avaliem as consequências de diversos planos de ação.



* Publicado originalmente no jornal The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.



Nenhum comentário: