sábado, 15 de março de 2014

11 hábitos que parecem ótimos para a saúde, mas não são

Saúde | 12/03/2014 18:25


Passar protetor solar demais e fugir do sol, e comer muitos alimentos light são alguns dos costumes que parecem ser sempre bons, mas podem esconder riscos


Suco de laranja
Tomar suco em vez de comer a fruta nem sempre é a melhor escolha, segundo nutricionista
São Paulo – A consciência sobre a importância de adotar hábitos mais saudáveis já não é novidade, mas muitas pessoas podem prejudicar a saúde (ou não fazer o melhor para o organismo) pensando que, na verdade, estão fazendo a escolha mais indicada para o corpo.
Por trás das orientações básicas sobre ter uma dietasaudável e praticar exercícios, por exemplo, vários hábitos não tão benéficos se escondem. Alguns deles têm consequências duras, outros apenas são opções que desperdiçam o potencial de uma boa dieta. EXAME.com conversou com a nutricionista Rosane França, que indicou alguns exemplos desses comportamentos. Confira a seguir.
Exagerar no consumo de alimentos light e diet
Em nome de emagrecer ou de reduzir a quantidade de açúcar da dieta, há pessoas que optam por alimentos light e diet em quantidade excessiva. O problema está no fato de que alguns desses itens têm redução de nutrientes importantes, em relação à versão normal.
“Um iogurte light, por exemplo, pode até ter menos calorias, mas tem mais soro de leite do que leite propriamente dito e ainda são usados espessantes, corantes e outros aditivos industrializados. Seria mais saudável comer o normal”, afirma Rosane. Outra questão levantada pela nutricionista é a de que, muitas vezes, as pessoas comem mais só porque o alimento é diet, o que pode até levar à engorda.
Substituir leite de vaca por leite de soja
A não ser que se tenha intolerância a lactose, deixar de tomar leite de vaca para consumir apenas leite de soja pode ser uma ideia ruim, de acordo com a especialista. A bebida de soja tem fibras, proteína e vitamina B, mas não possui nem 30% da quantidade de cálcio do leite comum e o processo industrial e químico pelo qual passa pode ser prejudicial.
A nutricionista ainda chama a atenção para a considerável probabilidade de essas bebidas causarem alergia, quando consumidas em exagero, e para o desconhecimento a respeito dos efeitos da soja transgênica (usada por algumas marcas) para a saúde. O controle no consumo ainda deve se estender aos sucos feitos à base de soja.
Substituir refrigerante comum por diet/zero
Se tomar refrigerante comum já é ruim para a saúde, beber sua versão diet é ainda pior. Além de não ter nenhum nutriente que poderá ser usado para o bom funcionamento do corpo, o líquido tem grandes quantidades de corantes e aromatizantes que causam diversos problemas de saúde, dentre eles a sobrecarga do fígado e do rim. Apesar de não ter açúcar em sua fórmula, o refresco fica doce devido ao aspartame, substância comumente associada a problemas como dor de cabeça, fadiga, ansiedade e compulsão por comida. O item, no entanto, é polêmico. 
Em relação a este aditivo, a Abiad (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Para Fins Especiais e Congêneres), discorda. Segundo a entidade, estudo publicado no New England Journal of Medicine nega a associação do aspartame com a dor de cabeça. Os representantes do setor alegam também que um parecer da European Food Safety Authority (EFSA) declarou que o consumo diário de, no máximo, 40mg por quilo de peso corporal, confere uma margem segura para a saúde da população.
Fazer atividade física só no final de semana
Os atletas de final de semana estão expostos a muito mais riscos do que benefícios com a prática de atividades físicas sem uma rotina e sem acompanhamento de um profissional da área. Praticar esportes informalmente uma vez a cada sete dias não faz diferença significativa para a perda de peso ou para melhorar a saúde e ainda pode ser a causa de lesões musculares e problemas cardíacos, principalmente em atividades que exigem preparo físico, como o futebol. Para dar mais preparo, é importante também se exercitar durante a semana, de preferência com a orientação de um educador físico.
Deixar de comer arroz com feijão à noite
Com medo de engordar, muita gente deixa de comer o tradicional arroz com feijão na hora do jantar. Mas, segundo Rosane França, restringir o consumo não ajuda em nada. Pelo contrário. “Feijão com arroz é a combinação proteica perfeita. Não faz mal comer à noite. Só faz mal, se a pessoa jantar às 22h e dormir às 23h. Se ela comer às 20h e dormir às 23h, não tem problema nenhum”, afirma.
Tomar suco em vez de comer a fruta
Ao contrário do que algumas pessoas podem pensar, tomar um suco de fruta não é equivalente a comê-la, é pior. A nutricionista afirma que a melhor opção, neste caso, é comer e não beber. Isso porque, além de ingerir mais fibras (quase que eliminadas pelo processamento do alimento), a quantidade de calorias consumidas é menor, já que um copo de suco costuma levar mais de uma unidade.
“Para fazer um suco de laranja, são necessárias pelo menos duas frutas, mas, se for para comer, ninguém come mais de uma”, diz. E a ilusão de que os sucos são sempre a melhor opção ainda pode causar o ganho de peso, se houver excesso, pois são consideravelmente calóricos.
Usar filtro solar em excesso e fugir do sol
Proteger a pele dos raios solares é essencial para prevenir o envelhecimento precoce e doenças cutâneas, mas o exagero também não é recomendado, usando protetor solar demais e ainda fugindo da luz. O motivo é que, ao bloquear o sol, isso prejudica a sintetização da vitamina D. Sem esse nutriente, outras doenças podem surgir, como do coração e deficiências de cálcio (já que a vitamina é importante para absorver o mineral). Rosane não é contra o uso de filtro solar, mas recomenda uma exposição direta de 10 a 15 minutos ao sol da manhã (menos nocivo do que o do meio-dia). “Uma ideia é deixar para passar o protetor depois de chegar ao trabalho”, afirma.
Não tomar café da manhã
Algumas pessoas acham melhor pular o café da manhã, com as justificativas de não ter tempo, de ficar enjoado ao comer pela manhã ou até mesmo para emagrecer, mas esse hábito é altamente prejudicial para o organismo. “As pessoas ficam dormindo por oito horas e o cérebro precisa de glicose para funcionar. Se não tiver, ele vai consumir massa magra (músculos)”, diz Rosane.
Para quem fica com mal-estar se comer logo ao acordar, a sugestão da especialista é esperar cerca de meia hora para fazer a refeição, após se levantar da cama. Falta de tempo e regime também não são desculpas, já que um pão integral com uma fatia de queijo branco ou um iogurte com duas colheres de aveia são suficientes para alimentar e dar energia ao corpo.
Comprar qualquer pão integral
Se está escrito no rótulo que o pão é integral, então ele, sempre, vai ser bom, certo? Errado. De acordo com a nutricionista, há marcas de pão integral que usam grande quantidade de farinha branca na receita do integral e, por isso, não dão saciedade nem fornecem a quantidade de fibras oferecidas por outros produtos deste tipo.
Por isso, ela afirma que, na hora de comprar, é importante ver se o pacote traz fatias mais massudas, que são pesadas e em menor quantidade e tamanho. Se tiver este aspecto, as chances de o produto ser efetivamente integral são bem maiores.
Comer muita proteína
Diversas dietas para emagrecer usam o fundamento de que a ingestão de proteína e a redução dos carboidratos são as chaves para perder peso. No entanto, Rosane França diz que o excesso desse nutriente não é benéfico e pode causar problemas de saúde. “Tudo é questão de equilíbrio. A ideia de que a pessoa emagrece com a dieta da proteína é falsa, porque, na verdade, ela perde água e há uma desidratação”, afirma.
Além de não representar efeitos no longo prazo, pois, ao consumir pouco carboidrato, o corpo passa a gastar massa magra e não gordura, exagerar nos alimentos como carnes e ovos pode sobrecarregar os rins. Como se não bastasse, um estudo recente associou o excesso de proteína ao câncer em pessoas de 50 a 65 anos de idade.
Tomar suplementos vitamínicos
Para quem não tem problemas de saúde que exigem esse tipo de recurso, não é necessário tomar vitaminas e suplementos alimentares. A nutricionista afirma que, com o excesso de consumo de suplementos, boa parte daquilo que o corpo não precisa é descartada, mas, antes, tudo passa pelo fígado, para ser “selecionado”. Isso pode causar a sobrecarga do órgão, que passa a trabalhar bem mais do que o necessário.
De acordo com Rosane, grande parte do que sobra é eliminada, mas aquilo que fica armazenado ainda pode causar problemas de saúde, como a chamada vitaminose. “Com uma alimentação regrada e equilibrada, com verduras e legumes, já resolve o problema”, diz. 

* Matéria atualizada às 17h02 de 14 de março, para inclusão de resposta da Abiad sobre os possíveis malefícios do aspartame.

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