sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Setor de consumo completa nove meses na liderança das recomendações de analistas

Por: Anderson Figo
10/08/10 - 20h25
InfoMoney

SÃO PAULO - O setor de consumo e varejo voltou a ser apontado como o favorito dos analistas nas carteiras do mês de agosto. Porém, as recomendações para este mês somaram um número menor do que o recorde de 54 obtidas em junho, ficando em 49 - acima, no entanto, das 43 auferidas no mês passado.
O segundo lugar, o setor financeiro, aparece logo atrás, com 34 recomendações. Já o setor de energia e saneamento ficou em terceiro lugar, com 31. As três primeiras posições no ranking de setores mais recomendados elaborado pela InfoMoney foram mantidas em agosto em relação a julho.
As 29 carteiras consideradas este mês, que incluíram bancos e corretoras, foram: Bank of America Merrill Lynch, BB Investimentos, Souza Barros, Citi Corretora, HSBC, Brascan, Link Investimentos, XP Investimentos, Socopa, Planner, Omar Camargo (2 carteiras), Ágora (3 carteiras), Amaril Franklin, Win, Geração Futuro, Spinelli, Banif, PAX, Itaú Corretora, TOV, SLW (3 carteiras), Coinvalores, Fator e Banco Safra.
Dentre as carteiras publicadas pela InfoMoney no mês, nesta amostragem só não foram consideradas aquelas direcionadas às ações com perspectivas de ganho com a distribuição de proventos. Ao todo, foram coletadas 275 recomendações entre todos os portfólios compilados para agosto.
Consumo: 9 meses na liderança
O setor de consumo completou nove meses na liderança das carteiras recomendadas, impulsionado pelas perspectivas otimistas para a economia brasileira. O Inec (Índice Nacional de Expectativa do Consumidor) apontou o otimismo do consumidor, com a confiança subindo 1,8% em julho, para 116,8 pontos.
Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), o resultado mostrou que a confiança do consumidor permanece em patamar elevado, sendo que, em julho, o índice registrou o segundo maior patamar da série histórica, iniciada em 2001. O recorde é do índice de dezembro de 2009, de 117,2 pontos.
Setores Recomendações
Consumo e Varejo 49
Financeiro 34
Energia e Saneamento 31
Imobiliário e Construção 23
Mineração 23
Petróleo e Gás 22
Siderúrgico 22
Transporte 21
Industrial 17
Telecomunicações 17
Petroquímico 7
Papel e Celulose 6
Tecnologia e Internet 3

Também no setor, o varejo de shopping apresentou estabilidade no fluxo de consumidores no mês de junho, na comparação com o mesmo período do ano passado. O índice foi de 104 pontos, valor próximo ao indicador apontado em 2009, de 103 pontos.
No confronto com o mês de maio, houve queda de 8%. “Esta desaceleração é normal neste período do ano, levando-se em consideração o Dia das Mães, que é a segunda data mais importante no comércio”, afirmou o diretor de Geonegócios do Ibope Inteligência, Antônio Carlos Ruótolo.
Os dados são do indicador da atividade comercial de shopping, denominado MercadoFlux, que é medido pelo Ibope Inteligência e revela o desempenho, o aquecimento e a movimentação do setor.
O resultado é calculado com base na análise cruzada de múltiplas variáveis, como fluxo de consumidores, potencial de consumo qualificado para produtos comercializados em shopping, demografia da região e características estruturais de cada local. Ele pode ser utilizado por lojistas para que analisem o desempenho do setor no que se refere a vendas, faturamento e fluxo de clientes no período em questão.
As boas perspectivas também refletem a notícia de que os bancos esperam uma evolução do crédito à pessoa física de 20,6% para este ano, ante uma alta de 19,2% no ano passado, segundo a pesquisa de Projeções e Expectativas de Mercado, divulgada recentemente pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
Em relação às pessoas jurídicas, a alta esperada para este ano é de 19,4%, enquanto no ano passado o crédito para as empresas sofreu um aumento de apenas 1,6%. “Em crédito livre, no segmento de pessoas físicas, verificamos uma certa acomodação, mas não em um patamar baixo. Na outra ponta, há uma recuperação importante em pessoa jurídica, que nos balanços dos bancos apareceu também”, disse o economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg.
Cabe mencionar que a expectativa de forte crescimento para o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro neste ano também funciona como um vetor para as estimativas de maior consumo interno. Segundo a última versão do Relatório Focus, do Banco Central, o mercado espera por um crescimento de 7,2% da economia brasileira em 2010. Para 2011, é projetado um PIB 4,5% maior em relação a este ano.
Setor financeiro
Em segundo lugar, aparece o setor financeiro, guiado pelas boas perspectivas em relação à economia brasileira, que devem impactar os resultados dos bancos nos próximos trimestres. Entre as 13 ações do setor financeiro recomendadas nas 29 carteiras compiladas no mês, o Itaú Unibanco (ITUB4) foi o papel mais citado, com oito votos.
Embora o resultado trimestral do Itaú Unibanco tenha vindo bem próximo das projeções do mercado, os analistas deram bastante ênfase ao desempenho do banco no segmento de crédito, destacando pontos negativos - aumento nas operações abaixo do restante do setor - e positivos - melhora na qualidade da carteira e nos níveis de inadimplência -, o que contribuiu para que recomendações favoráveis às ações fossem mantidas.
A carteira de crédito total (incluindo operações de avais e fianças) chegou a R$ 296,2 bilhões, avanço de 11,4% frente ao montante registrado no mesmo período de 2009. Apesar dessa evolução, a analista da Link Investimentos, Mariana Taddeo, destacou que o crescimento ficou abaixo da alta de 19,8% verificada pelo SFN (Sistema Financeiro Nacional) e de seu concorrente Bradesco (BBDC4), que relatou evolução de 16,3%, sinalizando que a "empresa continua perdendo market share".
Contudo, Mariana ressaltou que, mesmo com o aumento na carteira de crédito do banco, os indicadores de inadimplência relataram melhorias, com o saldo de PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) recuando 1,2% e o nível de provisão em relação ao total da carteira de crédito recuando de 8,6% para 7,7% na passagem anual.
Além desses fatores, a analista da Ativa Corretora Laura Lyra Schuch também frisou a rentabilidade do Itaú Unibanco, que permaneceu próxima de 24% no segundo trimestre, "patamar este que se encontra significativamente acima dos seus principais concorrentes que já divulgaram seus números, como o Santander (SANB11) e o Bradesco, que apresentaram ROAE (Rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado) recorrentes no 2T10 de 18% e 22%, respectivamente".
Energia e saneamento
Completando o pódio, o movimentado noticiário das empresas do setor de energia e saneamento foi o principal vetor para as recomendações de agosto. A carga de energia elétrica no Brasil aumentou 8,8% em julho, frente ao mesmo mês do ano passado, segundo o Boletim de Carga Mensal do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). A análise leva em consideração tanto o consumo quanto as perdas de energia. Na comparação com junho deste ano, a variação foi positiva em 1,1%.
De acordo com os dados preliminares para o sétimo mês do ano, o sistema operou com 55.307 MW médios (em junho foram 54.963 MW). Considerando o acumulado dos últimos 12 meses, foi registrado aumento de 7,3%, em relação ao período anterior.
Já o consumo de energia nas residências brasileiras em junho deste ano foi 9,5% maior do que no mesmo mês em 2009, atingindo 8,6 mil GWh (gigawatts-hora). Os dados, divulgados pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) no final do mês passado, mostram crescimento acumulado de 8,1% no consumo residencial nos seis primeiros meses de 2010, totalizando 53.831 GWh.
Somando-se o consumo residencial ao industrial e comercial, foram consumidos em junho 34.570 GWh, um acréscimo de 11,1% frente ao mesmo período do ano passado. A indústria liderou a expansão, crescendo 15,1% no mês.
Também pesou positivamente na visão dos analistas sobre o setor a notícia de que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou os editais dos leilões 05/2010 (Energia de Reserva) e 07/2010 (A-3), que serão realizados nos dias 25 e 26 de agosto. Os editais dos leilões, todos de energia alternativa, estão disponíveis no site da agência.
O primeiro refere-se ao Leilão de Energia de Reserva específico para Pequenas Centrais Hidrelétricas, empreendimentos de geração a partir de fonte eólica, com início de suprimento a partir de 1º de setembro de 2013, e empreendimentos de geração a partir de fonte biomassa, com o início do suprimento nos anos de 2011, 2012 e 2013. O leilão tem 478 usinas cadastradas que totalizam 14.529 megawatts de capacidade.
Para esse leilão, o preço teto inicial para os lances ficou em R$156,00/MWh para empreendimentos com biomassa, R$167,00/MWh para os eólicos e R$ 155/MWh para as Pequenas Centrais Hidrelétricas.
Ainda no setor, o primeiro carro compacto elétrico nacional deve ser produzido por uma empresa paulista. A MMR Motorsport está desenvolvendo o MMR-1, cujo início da produção está previsto para dezembro deste ano. Por enquanto, o modelo será fabricado sob encomenda com produção inicial de 10 a 20 unidades por mês. Os preços para a versão básica do modelo devem ficar entre R$ 35 mil e R$ 38 mil, de acordo com a assessoria de imprensa da MMR.

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