quarta-feira, 16 de maio de 2012

ThyssenKrupp decide colocar à venda a CSA, empresa em que a Vale é sócia


Enviada em: quarta-feira, 16 de maio de 2012 09:35
Assunto: CSA
Por GLAUBER GONÇALVES / RIO, estadao.com.br, Atualizado: 16/5/2012 3:09



A ThyssenKrupp admitiu ontem que estuda vender a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), empreendimento no qual tem como sócia a Vale, a um mês de a usina completar dois anos de operação. O anúncio foi feito após meses de especulação no mercado sobre um possível plano da empresa alemã para se desfazer da planta instalada em Santa Cruz, na zona oeste do Rio, que sugou € 5,2 bilhões em investimentos e foi inaugurada em 2010 depois de sucessivos adiamentos.

Em um comunicado divulgado na Alemanha, a empresa diz que vai examinar opções estratégicas 'em todas as direções' para a unidade Steel Americas, que, além da CSA, inclui uma planta de laminação em Mobile, no Estado norte-americano do Alabama. No ano fiscal 2010-2011, todas as frentes de atuação da Thyssen tiveram resultado operacional positivo, exceto a Steel Americas. Outra possibilidade em análise é a busca de um sócio para o negócio.

A companhia justifica que, desde a concepção do projeto, os custos de produção aumentaram 'de forma desproporcional' no País. Contribuíram para a formação desse cenário, de acordo com a empresa, o aumento de custos trabalhistas, efeitos da inflação e, em particular, a apreciação do real.

O plano da CSA era produzir placas de aço de forma competitiva no Rio e mandá-las para laminação no Alabama. De lá, abasteceria clientes da indústria norte-americana.

Com a economia dos Estados Unidos andado de lado desde a crise de 2008, porém, o mercado por lá tem se mostrado desfavorável à Thyssen. Agora, a empresa reconhece o fracasso da estratégia e revela que só está conseguindo vender aço a um preço 'diferenciado' para o setor automotivo.

Para o presidente do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, a situação da ThyssenKrupp é reflexo de um repique da elevação do excedente de aço no mundo. 'Após a crise de 2008, esperava-se o retorno à normalidade a partir de 2012, mas Europa e EUA, dois grandes mercados consumidores, estão adiando o retorno às condições normais de temperatura e pressão', avalia. Citando dados da Associação Mundial do Aço (WSA, na sigla em inglês), Lopes afirma que o volume excedente, que estava em 420 milhões de toneladas, passou a 530 milhões de toneladas.

Diante dessa conjuntura, encontrar um comprador ou sócio para a operação deve se mostrar uma tarefa complicada para os alemães, avaliam especialistas. 'Vai ser difícil vender nesse cenário. Eles podem achar um sócio, mas não vão achar comprador', afirma o estrategista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi.

Ele não vê interesse de grupos brasileiros, como Gerdau, CSN e Usiminas, e acredita que faria mais sentido encontrar uma siderúrgica no exterior que tenha interesse em garantir o abastecimento de placas de aço para laminação.

Alternativas. Na Alemanha, o presidente da ThyssenKrupp, Heinrich Hiesinger, disse que vai oferecer a planta à Vale e que conversará com possíveis compradores na Ásia. Ele avaliou o valor das duas usinas (no Rio e no Alabama) em € 7 bilhões, montante bem inferior aos cerca de € 12 bilhões investidos nas plantas.

O executivo afirmou ainda que as plantas devem ser negociadas separadamente, pois não acredita que haja um interessado na operação conjunta das unidades.

Um novo aumento de participação da Vale, no entanto, é visto como pouco provável. No desenrolar da crise de 2008, a mineradora se viu obrigada a elevar sua fatia no empreendimento para 26,87% sob risco de não vê-lo sair do papel, num momento em que o governo Lula a pressionava para não abandonar investimentos em siderurgia.

A ThyssenKrupp detém os demais 73,13%. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS



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