segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A profecia

Estado de Minas 27/08/2010

Estudo mostra que cidades do Alto Paraopeba, como Congonhas, podem enfrentar caos urbano se não investirem R$ 2 bi em infraestrutura. Motivo: crescimento acelerado

Os municípios do Alto Paraopeba, em especial Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Jeceaba, Belo Vale, Entre Rios de Minas, Ouro Branco e São Brás do Suaçuí, que até 2025 receberão investimentos da ordem de R$ 20 bilhões em mineração e siderurgia, precisam investir R$ 2,2 bilhões em infraestrutura para evitar o caos e suportar o crescimento econômico que está sendo levado até eles por empreendimentos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Ferrous, Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB), Gerdau e Vale. A necessidade de aplicação desses recursos, que deverão ser destinados à duplicação de estradas, construção de pontes e viadutos, melhoria da infraestrutura urbana, um grande shopping center, obras de saneamento básico, construção de moradias, escolas e até de um hospital regional, é urgente. É preciso dar suporte ao crescimento da região e evitar que os problemas já enfrentados pela população local se intensifiquem.

Essas são as principais conclusões do Plano Regional Estratégico para a Região do Alto Paraopeba, um estudo elaborado pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional de Minas Gerais (Cedeplar), da UFMG, a pedido do Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento do Alto Paraopeba (Codap) e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru). O estudo será divulgado hoje em reunião pública em Conselheiro Lafaiete. Em 25 de abril, reportagem do Estado de Minas expôs o drama das cidades encardidas pelo pó do minério. É o caso de Congonhas, que enfrenta poluição, crescimento desordenado, falta de infraestrutura urbana, de saúde e educacional, especulação imobiliária e destruição do patrimônio histórico e artístico por causa da atividade mineradora.

Dos R$ 2,2 bilhões que precisam ser investidos nos municípios, pelo menos R$ 700 milhões deveriam ser aplicados nos próximos três anos, estima o prefeito de Congonhas e presidente do consórcio intermunicipal, Anderson Cabido. “A necessidade de aplicação desses recursos já começou. Vivemos uma situação de sobrecarga nos serviços de saúde, educação e no trânsito”, diz. Além disso, segundo ele, a população dos municípios sofre também com a intensa especulação imobiliária.

FUNDO REGIONAL A expectativa é que os recursos para as obras sejam levantados com a criação de um fundo de desenvolvimento regional junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com recursos das mineradoras e dos governos federal e estadual. Cabido acredita, porém, que, se as empresas do segmento pagassem “uma Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) mais justa”, os municípios não seriam tão dependentes das mineradoras e de “ajuda externa” para equacionarem o problema do crescimento desordenado. “A Cfem é decisiva”, acredita.

De acordo com Felippe Ferreira, diretor de projetos regionais da Sedru, para que o Alto Paraopeba cresça de forma planejada e integrada em longo prazo, o estudo do Cedeplar dá prioridade a um olhar regional, mais amplo do que aquele que se limita ao âmbito municipal. “ É necessária uma visão macro dessa região, que futuramente será o segundo polo industrial do estado”, justifica. Segundo a estimativa do Cedeplar, nos próximos 20 anos a população dos sete municípios onde a atividade de mineração e siderurgia será intensificada vai sair de 213 mil para 245 mil habitantes. “Em algumas cidades, como Congonhas, a expectativa é que o número de habitantes vai ser duplicado.”
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Alto Paraopeba precisa de R$ 2,1 bi para escapar do caos – O Tempo 27/08/2010

Gargalos nos vários setores podem acontecer dentro de dois anos

Investimentos de R$ 2,1 bilhões separam sete municípios da região do Alto Paraopeba, em Minas Gerais, do caos logístico. Saúde, educação, habitação e segurança correm o risco de entrar em colapso, apesar do crescimento econômico que a injeção de cerca de R$ 20 bilhões em projetos de mineração e siderurgia vai levar à região.
Os sete municípios que formam o Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento do Alto Paraopeba (Codap) e que serão os mais atingidos são Belo Vale, Jeceaba, Entre Rios de Minas, São Brás do Suaçuí, Congonhas, Ouro Branco e Conselheiro Lafaiete.
O cálculo dos recursos necessários à região faz parte do Plano de Desenvolvimento Regional para o Alto Paraopeba, encomendado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru) por R$ 250 mil ao Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo será apresentado hoje, em Conselheiro Lafaiete, a 96 km de Belo Horizonte.
O diretor de projetos regional da Sedru, Felippe Ferreira de Mello, admitiu que os investimentos para evitar o apagão no Alto Paraopeba devem sair dos cofres dos governos estadual, federal, iniciativa privada e prefeituras. "Isso é um estudo para a região crescer de forma sustentada. O Estado não vai aportar recursos de uma só vez porque é muito dinheiro. É um ponto de partida para as políticas", explicou.
As cidades da região receberão pesados investimentos de grandes empresas como Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Vale, Gerdau e Vallourec. Tais projetos devem gerar mais de 65 mil empregos na região, aumentando a renda e a densidade demográfica no local. Com isso, a demanda por logística, moradia, mobilidade humana, saúde e educação vai aumentar consideravelmente.
O vice-presidente do Codap e prefeito de Conselheiro Lafaiete, José Milton de Carvalho Rocha, afirmou que os gargalos nos vários setores podem acontecer dentro de dois anos, quando todos os investimentos das empresas estiverem implementados. "Em volume de recursos e produção futura de aço, seremos o novo Vale do Aço, com potencial maior, mais riqueza e prosperidade. Aqui tem mineração e siderurgia juntos".
Para o prefeito de Conselheiro Lafaiete, a cidade vai ter os maiores reflexos. "É para cá que convergem as maiores demandas e serviços públicos. Mas as receitas geradas vão para os municípios onde estão instalados os investimentos", protestou. De acordo com ele, em Congonhas, estão projetos grandiosos da Vale, CSN e Gerdau. A produção de tubos da Vallourec vai para Jeceaba.

A cidade histórica de Congonhas tem receita mensal orçamentária de R$ 23 milhões para 48 mil habitantes. Conselheiro Lafaiete tem R$ 8 milhões para 130 mil habitantes. O prefeito de Conselheiro Lafaiete, José Milton Rocha, comparou as receitas para mostrar o desequilíbrio regional ao enfrentar problemas. “Lafaiete tem arrecadação baixa não sendo compatível com a atual população e nem com a nova população”, explicou.
Entre os investimentos estão um hospital regional com R$ 14 milhões dos cofres estaduais que fica pronto em Lafaiete no ano que vem, uma unidade do Corpo de Bombeiros desde setembro do ano passado e a ligação da BR-040 até Ouro Branco, obra do governo do Estado com a Gerdau. (HL)

Imobiliário
Lafaiete teve explosão de preços
Nos últimos quatro anos, os preços dos imóveis em Conselheiro Lafaiete duplicaram. O cálculo foi feito pelo proprietário da Construcenter, Geraldo Kennedy Neiva, e José Geraldo Santos, da Santos Imóveis.
O período coincide com a primeira expansão da Gerdau Açominas, o anúncio da instalação da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB) e a expansão da CSN.
De acordo com os consultores, em 2006, um apartamento de três quartos custava cerca de R$ 70 mil. Agora, o mesmo imóvel não é vendido por menos do que R$ 150 mil no centro e em bairros.
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