segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Mercado vê sinalização de que BC estaria pronto para reduzir juros

Em reuniões fechadas com executivos do mercado financeiro e investidores nesta terça-feira, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, deu sinais claros de que, se a situação externa piorar, eles estão prontos para reduzir os juros, na interpretação de alguns participantes.
O G1 teve acesso ao teor das conversas entre o BC e os executivos em São Paulo. A percepção de alguns presentes é de que o governo deverá agir de maneira diferente das medidas adotadas em 2008 em função da crise financeira internacional. Há três anos, o governo aumentou gastos e demorou a reagir com a taxa de juros.
O diretor do BC teria afirmado por diversas vezes que o país tem atualmente uma política fiscal adequada, e, no entendimento dos executivos, Hamilton sinalizou que a reação do governo à crise econômica mundial deverá ficar focada na política monetária.
Outro sentimento importante apontado pelos presentes à reunião com Carlos Hamilton na capital paulista foi o de uma maior harmonia entre o BC e o Ministério da Fazenda na avaliação dos desdobramentos da crise mundial. Aparentando tranqüilidade e segurança, segundo os relatos, Hamilton teria indicado que o BC está em compasso de espera para agir. Mas não demonstrou urgência.
As principais razões apontadas pelos participantes para a aparente calma do BC em relação ao impacto da crise no Brasil são o volume das reservas cambiais, hoje em torno de US$ 350 bilhões, e principalmente porque a chamada alavancagem do sistema financeiro (exposição ao risco) está menor que em 2008.
Sobre a inflação, Carlos Hamilton teria indicado que o BC está satisfeito com a estratégia de convergência mais suave do IPCA (índice oficial) à meta de 4,5% em 2012, impondo um custo menor à economia. O diretor teria dito ainda que os recentes aumentos de juros pelo Copom deverão afetar em algum momento a inflação corrente e o ritmo do mercado de trabalho. Este, provavelmente levará mais tempo para reagir.
Procurada, a assessoria de imprensa do BC disse ao G1 que a instituição não comenta avaliações e interpretações de mercado e que encontros com investidores e executivos do mercado financeiro fazem parte da rotina dos diretores do BC.
A melhora dos mercados financeiros nesta terça-feira deve ter ajudado ao diretor de Política Econômica do BC a defender sua visão do quadro atual do Brasil e a capacidade do país em reagir à crise internacional sem causar danos graves à economia brasileira.

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