sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Parceria Eike-E.ON é movida a carvão



O Sr. Teyssen elogiou o modelo de financiamento do setor elétrico brasileiro e informou que o BNDES e o Banco Mundial serão financiadores dos projetos da joint venture.

"O Brasil tem um sistema financeiro interessante, o BNDES financia 75% do processo. Assim poderemos fazer investimentos muito maiores sem usar os nossos recursos", completou o presidente da empresa alemã."



Parceria Eike-E.ON é movida a carvão

Joint venture cria gigante de energia elétrica; fonte de geração é condenada por ambientalistas em todo o mundo

Presidente da empresa alemã Sr. Teyssen elogia sistema brasileiro, em que o BNDES financia 75% do processo

DENISE LUNA
DO RIO

A gigante do setor de energia elétrica que surgirá de uma joint venture anunciada ontem entre a MPX do empresário Eike Batista e a alemã E.ON vai nascer com um portfólio de projetos, em construção ou em desenvolvimento pela sócia brasileira, dominado pelo carvão.

Essa fonte de geração de energia é condenada por ambientalistas, principalmente na Europa, onde está localizada a sede da E.ON.

Chamada de"casamento perfeito" pelo empresário brasileiro e de "encontro de almas gêmeas" pelo presidente da E.ON, Johannes Teyssen, a parceria deve se concretizar no segundo trimestre deste ano.

A associação pretende turbinar os projetos da MPX e torná-la a maior empresa privada do país, desbancando a Tractebel Energia, ao gerar 20 mil megawatts, em prazo não definido.

Esse volume de 20 mil megawatts significa 20% do que é produzido hoje no Brasil.

Dos projetos já existentes, que farão parte da parceria, um total de 11 mil megawatts são à base de carvão.

Outros projetos serão estudados, também com uso de fontes renováveis.

Por esse motivo, as duas empresas evitaram falar em investimentos durante uma teleconferência, ontem, para anunciar a parceria.

GÁS CARBÔNICO

De acordo com o diretor da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa, o carvão é o combustível fóssil que mais contribui para o aquecimento global.

Para Pinguelli Rosa, não faz sentido seu uso no Brasil, "que ainda tem um grande potencial hidrelétrico".

Ele informou que a MPX contratou a Coppe para realizar estudos com o objetivo de amenizar a poluição causada pelo mineral.

"Mas é uma tecnologia muito cara e que levará ainda alguns anos para poder ser aplicada em grande escala", afirmou o professor.

Na Europa, a expectativa é que a nova tecnologia, conhecida como CCS (Carbon Capture and Storage), seja implantada no prazo de cinco a dez anos.

Essa tecnologia é criticada por armazenar o gás carbônico capturado em reservatórios subterrâneos, trabalho que no Brasil poderá ter a parceria da Petrobras, segundo Pinguelli.

A MPX defende a escolha do carvão alegando que utiliza uma tecnologia de queima limpa, a mesma usada na China e na Alemanha, e que reduziria em 89% a emissão de gás carbônico.

A E.ON já foi alvo de manifestações do Greenpeace quando anunciou há alguns anos interesse em aumentar o número de usinas a carvão na Alemanha.

A empresa anunciou em 2010 que queria ter 25% da sua receita fora da Europa e escolheu o Brasil como o primeiro destino para investimentos.

FINANCIAMENTO

Teyssen elogiou o modelo de financiamento do setor elétrico brasileiro e informou que o BNDES e o Banco Mundial serão financiadores dos projetos da joint venture.

"O Brasil tem um sistema financeiro interessante, o BNDES financia 75% do processo. Assim poderemos fazer investimentos muito maiores sem usar os nossos recursos", completou o presidente da empresa alemã.

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